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Impeachment está quase totalmente precificado, diz Goldman Sachs

Dilma Rousseff e Michel Temer, ex-aliados políticos - Ueslei Marcelino-14.mar.2012/Reuters
Dilma Rousseff e Michel Temer, ex-aliados políticos Imagem: Ueslei Marcelino-14.mar.2012/Reuters

25/08/2016 11h08

SÃO PAULO - O julgamento final de Dilma Rousseff no Senado começou nesta quinta-feira (25) e, de acordo com o Goldman Sachs, a saída definitiva da petista do cargo de presidente está quase totalmente precificada pelos mercados. 

Porém, de uma certa forma, os mercados voltarão os seus olhos para outras questões do governo do até agora presidente interino, Michel Temer, caso o impeachment seja confirmado.

Segundo o economista-sênior do Goldman, Alberto Ramos, o mercado vai, provavelmente, focar-se no desejo e na capacidade da administração Temer de acelerar e aprofundar o ajuste fiscal, além da capacidade de a base aliada no Congresso se engajar nos seus objetivos.

Segundo Ramos, o mercado pode reagir positivamente a três sinais:

  1. fim das concessões a pressões de grupos por gastos governamentais adicionais e outras concessões com custo fiscal 
  2. aprovação rápida no Congresso da PEC do teto de gastos
  3. uma forte reforma na Previdência Social

"No geral, o fim da saga do impeachment pode encorajar o governo Temer a acelerar o ajuste e propor medidas mais profundas, mas o grau de apoio no Congresso para as medidas politicamente sensíveis e impopulares permanecem obscuras", diz o economista do Goldman.

"Na verdade, nós não ficaríamos surpresos em ver o conteúdo/espinha dorsal de alguma lei de ajuste fiscal ou reforma sendo enfraquecidas no Congresso", completa.

Relações politicas

Além disso, há outras questões: as ameaças de rompimento de partidos como o DEM e o PSDB da base aliada do governo Michel Temer, que estão sendo constantes.

Primeiro foi Ronaldo Caiado (DEM-GO) e depois foi Tasso Jereissati (PSDB-CE), que falaram em sair da base caso o governo trabalhe pela aprovação do projeto que aumenta o salário dos ministros do STF. 

Porém, de acordo com a LCA Consultores, essas "não são ameaças críveis". Isso porque o PSDB tem três ministérios (Relações Exteriores, Justiça e Cidades) e outros cargos importantes no segundo escalão do governo.

"Não parece disposto a abrir mão desses espaços tão cedo", dizem os consultores. Já o DEM possui o Ministério da Educação. Além disso, após passar tempos difíceis na oposição, "dificilmente deixará o abrigo governista", diz a LCA. 

A consultoria ainda aponta que, mesmo se houver o rompimento, PSDB e DEM não vão deixar de votar a favor das reformas fiscais após se apresentarem como defensores ferrenhos do ajuste das contas públicas.

Porém, aponta a consultoria, a relação entre PSDB, DEM e o PMDB do Senado está mesmo abalada. "São ecos de 2018 já se manifestando. Os diferentes projetos de poder para 2018 ainda parecem manejáveis dentro da coalizão governista. Porém, serão um crescente desafio à unidade do governo Temer", afirma a LCA.

Vale destacar que, segundo a "Folha de S. Paulo", o reajuste no STF não será capaz de fazer com que o PSDB rompa com o governo.

O grande teste de governabilidade será a votação da PEC que estabelece um teto de gastos. Caso a medida não passe no Congresso ou se sair dele totalmente desfigurada, o PSDB deve pular do barco.