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Produtos da Copa encalham na rua 25 de Março; lojistas buscam saída

Afonso Ferreira

Do UOL, em São Paulo

20/06/2013 06h00

Nem mesmo as vitórias da seleção brasileira sobre o Japão e o México, na Copa das Confederações, animaram os consumidores a irem às compras de produtos verde-amarelos na região da rua 25 de Março, em São Paulo (SP).

Alguns lojistas reclamam do movimento abaixo do esperado para o período. No Lojão dos Esportes, o gerente Marcelo Macena afirma que as vendas estão 30% abaixo da expectativa. A maior decepção, segundo Macena, é a bola oficial do torneio, a Cafusa.

“Já baixamos o preço da bola e até estamos oferecendo bônus para os funcionários que conseguirem vendê-la. O estoque está alto e tivemos de cancelar um pedido de 300 unidades junto ao fornecedor.”

Sem muita expectativa de aumentar as vendas de artigos verde-amarelos durante a Copa das Confederações, a rede Magazine 25 de Março não reforçou o estoque.

“Percebemos que as vendas não aumentaram na edição do evento em 2009, por isso não compramos muito”, diz o assessor de comunicação da rede Milton Cândido.

Ele conta que a empresa até chegou a cogitar o aumento do estoque pelo fato de o evento ocorrer no Brasil. “Mas, depois de uma pesquisa que fizemos na África do Sul e em outros países que sediaram a Copa das Confederações, percebemos que o movimento seria fraco.”

Segundo ele, o que não for vendido durante o evento será estocado para a comercialização durante a Copa do Mundo. “Daí sim, nossa expectativa é que as vendas aumentem 25%. Foi o que registramos em 2010”, conta Cândido.

A rede Armarinhos Fernando também não fez investimentos em novos produtos para a Copa das Confederações. Segundo a empresa, o foco das vendas no momento está nas festas juninas. No entanto, a rede pretende ampliar a variedade de itens na Copa do Mundo, no próximo ano.

Por outro lado, a situação parece melhor para lojas de artigos para festas. De acordo com Maria da Assunção, gerente administrativa da loja Festas e Fantasias, as vendas de cornetas, apitos e buzinas estão em alta.

“O movimento na região está maior por conta das festas juninas, mas a Copa das Confederações trouxe um acréscimo nas vendas”, declara.

Dicas para desovar estoque 

  • 1

    Promoções e liquidações

    Ao notar que o estoque de um produto está acumulando, o lojista pode começar a fazer promoções. O desconto pode chegar a até 70%. Mais do que isso a loja pode dar a falsa impressão de que o produto não tem qualidade

  • 2

    Bônus para os vendedores

    Premiar funcionários que venderem o produto com estoque alto é uma alternativa. Podem ser fixadas metas individuais de vendas ou bônus por unidades vendidas

  • 3

    Guardar estoque

    Segurar os produtos para vender na Copa do Mundo é uma alternativa. No entanto, é preciso capital de giro  para pagar o fornecedor e de espaço para não prejudicar a logística

  • 4

    Grupos fechados

    O lojista pode vender itens em maior escala para grupos fechados ou empresas. Com a visita do papa ao país, por exemplo, pode ser que um grupo de fiéis queira bandeiras do Brasil para a ocasião

    Comércio na região está em baixa

    De acordo com o diretor da Univinco (União dos Lojistas da Rua 25 de Março e Região), Martim Nunes, o fato de a capital paulista não sediar o torneio este ano fez com que os consumidores perdessem o interesse de compra.

    Nunes diz que o comércio como um todo na região –e não apenas as lojas que vendem os itens relacionados à Copa das Confederações– está com o movimento abaixo do esperado. A baixa, segundo ele, nesse mês de junho, é de 6% em relação ao mesmo período no ano passado.

    “Essa é a realidade hoje. Pode ser que daqui até o fim do mês haja um ‘estouro’ nas vendas e essa situação mude”, afirma.

    Apesar do baixo movimento, Nunes acredita em um cenário positivo para a Copa do Mundo no ano seguinte. “Quando temos jogos na nossa cidade, o turista vem e compra bastante. Esperamos um crescimento de 10% para 2014”, declara.

    Erro no planejamento pode gerar encalhe

    De acordo com o diretor do IBVendas (Instituto Brasileiro de Vendas), Mário Rodrigues, o encalhe de produtos nas prateleiras é, geralmente, causado por erros no planejamento.

    “Há uma superestimativa dos empresários em relação às vendas no período. Quando elas não acontecem no volume esperado, o produto começa a acumular”, diz.

    Segundo Rodrigues, se o empreendedor notar que as vendas não estão no ritmo esperado durante o período da Copa das Confederações, ele pode começar a fazer promoções e liquidações antes do término do evento.

    “Produtos ligados à competição só fazem sentido enquanto ela estiver acontecendo. Após o término, dificilmente o lojista conseguirá vender. A melhor chance de isso acontecer seria com a conquista do título pelo Brasil.”

    As promoções não devem ultrapassar 70% do preço original, de acordo com o diretor do IBVendas. Acima disso, ele diz que o preço pode deixar a impressão de que o produto não tem qualidade e ser rejeitado pelo consumidor.

    Guardar estoque é alternativa

    Para o professor da FGV (Fundação Getulio Vargas), Juracy Parente, uma alternativa para lidar com o excesso de estoque é guardar os itens encalhados para vender no próximo ano, quando será realizada a Copa do Mundo.

    No entanto, de acordo com Parente, esta é uma estratégia arriscada porque o empresário precisa ter capital de giro para pagar o fornecedor mesmo com as vendas baixas.

    “O lojista também precisa ter espaço no estoque para armazenar estes produtos por um ano sem que isso comprometa sua logística de vendas. Se o espaço for pequeno, a mercadoria parada ocupa um espaço que poderia ser ocupado por outra com melhor retorno”, afirma.