BC sobe taxa básica de juros para 10%, na sexta alta seguida
O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, aumentou a taxa básica de juros (a Selic) em 0,5 ponto percentual, indo de 9,5% para 10% ao ano. É a sexta reunião seguida do Copom em que os juros sobem. A decisão foi unânime.
Esse é o patamar mais alto desde janeiro de 2012, quando a Selic estava em 10,5%. Em março de 2012, a taxa foi reduzida para 9,75%, e as quedas continuaram até atingir o mínimo de 7,25% ao ano, entre outubro de 2012 e março de 2013.
"Dando prosseguimento ao processo de ajuste da taxa básica de juros, iniciado na reunião de abril de 2013, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic para 10% ao ano, sem viés", disse o Copom em comunicado, alterando o texto que utilizou nas últimas quatro reuniões.
A Selic é usada pelo BC para tentar controlar o consumo e a inflação, ou estimular a economia. Analistas já esperavam uma alta da taxa de juros para combater a alta de preços, que tem preocupado o governo. A inflação oficial acelerou para 0,57% em outubro.
Quando os juros sobem, as pessoas tendem a gastar menos e isso faz o preço das mercadorias cair, controlando a inflação, em tese. Por outro lado, juros altos seguram a economia e fazem o PIB (Produto Interno Bruto) ficar baixo.
Ata da última reunião sugeria nova alta dos juros
Na ata da última reunião, o Copom sinalizou que devia continuar com o ritmo de alta dos juros ao afirmar que é "apropriada a continuidade do ritmo de ajuste das condições monetárias ora em curso".
"O Copom pondera que a elevada variação dos índices de preços ao consumidor nos últimos doze meses contribui para que a inflação ainda mostre resistência", trouxe a ata.
Em 2012, governo impulsionou onda de cortes nos juros
O governo tomou em 2012 medidas para reduzir os juros diretos ao consumidor. A onda de cortes de juros nos bancos começou com os bancos públicos e continuou com os bancos privados.
A preocupação com os juros é que eles dificultam o crescimento da economia. Com juros mais altos, as empresas investem menos, porque fica caro tomar empréstimos para produção, e as pessoas também reduzem seus gastos, porque o crediário fica mais caro. Essa situação deixa a economia com menos força.
Por outro lado, com juros mais baixos, há mais consumo e mais risco de inflação, porque as pessoas compram mais e nem sempre a indústria consegue produzir o suficiente. Quando há falta de produtos, a tendência é que eles fiquem mais caros.
A taxa básica de juros orienta o restante da economia, mas há pouco impacto na vida prática de quem precisa usar o cheque especial ou cartão de crédito. Analistas dizem que essas taxas são tão altas que pequenas variações na Selic são incapazes de aliviar ou pesar no bolso no dia a dia.
Antes do início do governo Dilma, a Selic estava em 10,75% ao ano. No primeiro mês dela (janeiro de 2011), subiu para 11,25%. Depois foi caindo. Chegou ao menor nível entre agosto de 2012 e março de 2013, quando ficou em 7,25% ao ano.
Entenda o Copom
O Copom foi instituído em junho de 1996 para estabelecer as diretrizes da política monetária e definir a taxa de juros, mas a Selic já era usada como indicador desde 1986.
O colegiado é composto pelo presidente do Banco Central e os diretores de Administração, Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos, Fiscalização, Organização do Sistema Financeiro e Controle de Operações do Crédito Rural, Política Econômica, Política Monetária, Regulação do Sistema Financeiro, e Relacionamento Institucional e Cidadania.
(Com Reuters)
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