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Inflação acelera e, em 12 meses, passa de 10% pela primeira vez desde 2003

Stefan Wermuth/Reuters
Imagem: Stefan Wermuth/Reuters

Do UOL, em São Paulo

09/12/2015 09h02Atualizada em 09/12/2015 09h42

A inflação em novembro ficou em 1,01%, o que representa aceleração em relação a outubro, quando havia sido de 0,82%. É a maior para o mês desde 2002, quando a alta de preços foi de 3,02%.

Em 12 meses, a inflação atingiu 10,48%, a maior desde novembro de 2003. Naquele ano, ela foi de 11,02% e, desde então, nunca havia passado de 10%.

O valor está acima do limite máximo da meta do governo; o objetivo é manter a alta dos preços em 4,5% ao ano, mas com tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo, ou seja, podendo oscilar de 2,5% a 6,5%.

Em 2015, no acumulado de janeiro a novembro, a alta de preços chega a 9,62%. Para o período, é o maior valor acumulado desde 2002 (10,22%).

Os dados do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) foram divulgados nesta quarta-feira (9) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Batata sobe quase 30%

A inflação dos alimentos, que tem peso de 25% no IPCA, puxou a alta dos preços de novembro. O grupo de alimentos e bebidas subiu 1,83%, com destaque para o aumento no preço da batata-inglesa (27,46%), do tomate (24,65%) e do açúcar (15,11%). 

Considerando o ano de 2015, o grupo alimentação e bebidas tem alta de 10,37%, sendo 10,75% referente ao aumento de produtos consumidos em casa e 9,67% ao aumento da alimentação fora de casa.

Gasolina pressiona inflação pelo 2º mês

Os combustíveis ficaram 4,16% mais caros em novembro, e também pressionaram a inflação, pelo segundo mês seguido.

O IBGE diz que a alta ainda é consequência dos reajustes nos preços dos combustíveis nas refinarias, estabelecidos pela Petrobras no final de setembro

Em novembro, o preço do litro da gasolina subiu 3,21%, o do etanol, 9,31%, e o do óleo diesel, 1,76%.

Economistas esperam inflação de 10,44%

De acordo com a última edição do Boletim Focus, levantamento feito pelo Banco Central com instituições financeiras, é esperada inflação de 10,44% neste ano. Os economistas têm subido a projeção de inflação há 12 semanas.

Quando a inflação estoura o teto da meta do governo (6,5%), o presidente do Banco Central precisa redigir uma carta explicando os motivos.

Inflação e juros

A inflação alta tem sido uma das principais dores de cabeça para o Banco Central nos últimos anos. 

A taxa de juros é um dos instrumentos mais básicos para controle da alta de preços.

Quando os juros sobem, as pessoas tendem a gastar menos e isso faz o preço das mercadorias cair (obedecendo à lei da oferta e procura), o que, em tese, controlaria a inflação.

Na última reunião, o BC manteve a taxa básica de juros, a Selic, em 14,25%, interrompendo uma sequência de sete altas.
 
Essa taxa de juros é a mais alta desde agosto de 2006, quando ela também estava em 14,25%. 
 
(Com Reuters)