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Especialistas: 'daí para baixo', 'nau sem rumo' e sem 'luz no fim do túnel'

Do UOL, em São Paulo

16/12/2015 13h33Atualizada em 16/12/2015 14h12

A agência de classificação de risco Fitch retirou o selo de bom pagador do Brasil nesta quarta-feira (16), ao cortar a nota do país em um degrau, de "BBB-" para "BB+".

Além de retirar o Brasil do patamar de grau de investimento, a Fitch sinalizou que pode colocar o país ainda mais para dentro do território especulativo, ao manter a perspectiva da nota como "negativa".

"Não é uma grande surpresa. As agências estão dizendo que é daí para baixo", disse o economista-chefe do banco J. Safra, Carlos Kawall, à agência de notícias Reuters.

"Não temos nenhuma sinalização de estratégia do governo para 2016 em diante para recuperar crescimento, não há nenhum sinal de que o governo está empenhado em avançar com agenda estrutural", disse. "Significa alta de risco Brasil, encarecimento do crédito, fica mais difícil ter taxa de juros mais baixa, significa menos crescimento e maior dificuldade em retomar a credibilidade, restaurar a confiança e voltar a crescer."

 

Outro especialista fez uma comparação do país com uma "nau sem rumo". 

"A minha sensação agora é que não tem onde jogar uma âncora. Parece que não teremos mais a boia do Levy e, do lado político, você tem cada vez mais incerteza. É uma nau sem rumo. É a sensação que eu tenho, que o mercado tem e que as agências têm", disse à Reuters o diretor de Gestão de Ativos da Ativa Corretora, Arnaldo Curvello.

Para ele, o rebaixamento já era esperado pelo mercado, mas "coloca mais pressão ainda" sobre o governo. "A Fitch provavelmente só estava esperando a definição da meta fiscal do ano que vem para canetar."

O estrategista-chefe do banco Mizuho, Luciano Rostagno, também disse já esperar a decisão, mas não tão cedo. "Eu imaginava isso mais no começo do ano que vem."

"Não tem luz no fim do túnel ainda. A gente está num ciclo vicioso com crise econômica e política uma alimentando a outra. Na prática a recessão pode se estender para além de 2016, não estamos conseguindo endereçar os problemas", disse Mizuho.

(Com Reuters)