Desaceleração da China afeta empresas, dólar e inflação no Brasil; entenda
A China divulgou nesta terça-feira (19) que cresceu 6,9% em 2015, resultado dentro do esperado, mas abaixo do obtido em 2014 (7,3%) e no menor nível desde 1990.
A desaceleração da economia da China não reflete apenas na vida dos chineses. Por ser o principal parceiro comercial do Brasil, o ritmo menor de crescimento por lá também tem impacto aqui, afetando empresas, o dólar e a inflação, por exemplo.
Principal vítima: exportações
O principal efeito é sobre as exportações brasileiras. A China é o destino de 18% de tudo o que o Brasil vende para o exterior, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDCI).
Em 2015, as exportações para o país asiático caíram 12%, segundo o ministério.
Vale e o minério de ferro
Com a China cortando investimentos em infraestrutura e com a indústria local produzindo menos, o volume de exportação de minério de ferro, um dos principais produtos do Brasil, caiu quase pela metade. Isso fez o preço da matéria-prima despencar e atingir o menor valor em dez anos.
A brasileira Vale, maior produtora mundial do produto, foi diretamente afetada. As ações da empresa acumularam queda de mais de 40% no ano passado.
China fraca, dólar caro, inflação alta
A instabilidade na Bolsa da China, que caiu mais de 7% duas vezes somente no início do ano, também afeta o mercado brasileiro, pois acende um sinal de alerta em relação aos mercados emergentes.
Com isso, investidores tendem a retirar dinheiro desses países, derrubando as moedas locais. O real, por exemplo, se desvalorizou 48,5% em relação ao dólar no ano passado.
Com real mais fraco e dólar mais forte, há um aumento no preço de produtos importados ou com componentes importados, e uma consequente pressão sobre a inflação. Em 2015, o Brasil viu a alta de preços atingir 10,67%, na maior alta desde 2002.
Tem jeito?
Ainda há oportunidades para o Brasil, segundo Roberto Dumas Damas, professor do Insper e autor do livro "Economia Chinesa" (Editora Saint Paul). Ele afirma que o número de empresas chinesas interessadas em investir em território brasileiro está crescendo.
"Estamos vendo empresas chinesas virem para cá interessadas em investir, principalment, em energia e infraestrutura", diz. "É uma oportunidade que poderia ser melhor aproveitada."
O Brasil também poderia buscar parcerias com outros países e diminuir a dependência do gigante asiático, de acordo com Gilmar Maziero, professor da FEA/USP (Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo).
"Existem outros grandes compradores no mundo. A Índia, por exemplo, tem crescido a taxas maiores que as da China", declara.
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