BC mantém juros em 14,25% pela sexta reunião seguida
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu, nesta quarta-feira (27), manter a taxa básica de juros (Selic) em 14,25% ao ano, como esperado pela maior parte dos analistas de mercado.
É a sexta reunião seguida em que a taxa permanece no mesmo nível. A Selic chegou aos 14,25% em julho de 2015, e foi mantida nas seis reuniões seguintes.
A decisão foi unânime. Em seu comunicado, o BC disse que "reconhece os avanços na política de combate à inflação", mas que ela ainda está muito alta para permitir uma queda nos juros.
A Selic influencia todos os juros do país, mas é só uma referência: as taxas cobradas dos consumidores são muito mais altas. Economistas dizem que a poupança está ruim como investimento, e o melhor são os fundos de investimento.
Veja as taxas de juros definidas nas últimas reuniões do BC:
- abr/16: 14,25%
- mar/16: 14,25%
- jan/16: 14,25%
- nov/15: 14,25%
- out/15: 14,25%
- set/15: 14,25%
- jul/15: 14,25%
- jun/15: 13,75%
- abr/15: 13,25%
- mar/15: 12,75%
- jan/15: 12,25%
Decisão unânime levanta especulações
A decisão dos membros do Copom não era unânime desde outubro. Essa mudança foi percebida pelo mercado como uma indicação de que o BC pode começar a baixar os juros nos próximos meses.
"A decisão unânime e o tom do comunicado, além dos comentários que estão sendo feitos pelo provável novo governo, irão aumentar as apostas no corte de juros já em julho. Estamos alterando nossa previsão (de baixa) para agosto ante outubro", disse Pedro Tuesta, economista sênior para a América Latina da 4Cast, à agência de notícias Reuters.
Nos últimos três encontros do Copom, os diretores Sidnei Corrêa Marques (Organização do Sistema Financeiro e Controle de Operações do Crédito Rural) e Tony Volpon (Assuntos Internacionais) votaram por elevação em 0,5 ponto percentual da Selic.
Agora, ambos acompanharam a maioria pela manutenção dos juros, em meio à desaceleração da inflação, tendo como pano de fundo um cenário de profunda recessão econômica.
Esta pode ser a última reunião do Copom da atual diretoria do BC, comandada por Alexandre Tombini. Caso o Senado aprove o afastamento da presidente Dilma Rousseff em maio, assume o vice Michel Temer, que já afirmou que pretende fazer mudanças na equipe econômica.
Juros X Inflação
Os juros são usados pelo Banco Central para tentar controlar a inflação. De modo geral, quando a inflação está alta, o BC sobe os juros para reduzir o consumo e forçar os preços a caírem. Quando a inflação está baixa, o BC derruba os juros para estimular o consumo.
A meta é manter a inflação em 4,5% ao ano, mas há uma tolerância de 2 pontos, ou seja, pode variar entre 2,5% e 6,5%.
A inflação tem desacelerado nos últimos meses, mas ainda continua bem acima do limite máximo: chegou a 9,34% em 12 meses, segundo os dados mais recentes, da prévia da inflação (IPCA-15) em abril.
Porém, os juros também estão altos e o país está em recessão. Se o BC subir ainda mais os juros, corre o risco de fazer a economia encolher ainda mais.
Juros para o consumidor são mais altos
A Selic é a taxa básica da economia e serve de referência para outras taxas de juros (financiamentos) e para remunerar investimentos corrigidos por ela.
Ela não representa exatamente os juros cobrados dos consumidores, que são muito mais altos.
Segundo os últimos dados divulgados pelo BC, a taxa de juros do cheque especial em fevereiro chegou a 293,9% ao ano e os juros do rotativo do cartão de crédito, a 447,5% ao ano.
Como sua vida é afetada pelos juros altos?
- Empréstimos e financiamentos ficam caros (prestação de uma geladeira ou um carro);
- Sobe o desemprego porque as empresas investem menos;
- As pessoas cortam gastos. Isso ajudaria a reduzir a inflação;
- A economia enfraquece (o PIB, Produto Interno Bruto, cai);
- A poupança rende com seu potencial máximo. Quando a Selic está igual ou inferior a 8,5% ao ano, rende menos. Como está acima, vai dar 6,17% ao ano mais a TR;
- Os juros altos aumentam o rendimento com investimentos em certos títulos públicos, como o Tesouro Selic.
(Com Reuters e Valor)
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