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Trabalhadores correm para se aposentar antes da reforma da Previdência

O motorista Amilton Correia Balduíno tenta se aposentar antes da reforma da Previdência - Alfredo Mergulhão
O motorista Amilton Correia Balduíno tenta se aposentar antes da reforma da Previdência Imagem: Alfredo Mergulhão

Alfredo Mergulhão

Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro

06/12/2016 06h00Atualizada em 07/12/2016 20h29

A reforma da Previdência proposta pelo governo Temer tem provocado uma corrida ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) no Rio de Janeiro. Os postos de atendimento ficaram cheios de trabalhadores que buscam a aposentadoria antes da aprovação das mudanças, que devem dificultar o acesso ao benefício.

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O motorista Amilton Correia Balduíno, 53, esteve na unidade da Tijuca, na zona norte, na segunda-feira (5). Ele queria escapar da rigidez das novas regras que estão previstas, como a idade mínima de 65 anos para ter direito à aposentadoria.

“Eu não entendo muito bem as regras, mas as pessoas têm me falado para resolver isso logo, senão vai demorar mais para eu conseguir me aposentar. Estou desde setembro tentando acelerar o processo”, disse Balduíno.

Motorista diz que trabalhou 39 anos, mas INSS só conta 32

Nas contas do motorista, ele tem 39 anos de contribuição para o INSS e está apto a se aposentar. Mas, de acordo com Balduíno, o órgão federal afirma que ele trabalhou por 32 anos. Para ele se aposentar por tempo de contribuição, nas regras atuais, é preciso contribuir por pelo menos 35 anos.

“Vou ter que entrar com um recurso para provar meus anos de trabalho e cruzar os dedos para aposentar rápido. Estou cansado e já trabalhei demais”, afirmou Balduíno.

Psicólogo que adiou agora quer apressar

O psicólogo Eduardo Henrique Sabatini, 59, também se dirigiu a uma agência do INSS, no centro do Rio. Para ele, o que pesou na decisão de se aposentar agora foi o risco de ser enquadrado na regra de transição.

De acordo com o projeto homens com mais de 50 anos, como Sabatini, poderão se aposentar pelas regras atuais desde que paguem um “pedágio” de 50% sobre o tempo que faltava para aposentar.

“Eu tenho 38 anos de contribuição e já deveria ter iniciado o processo de aposentadoria por tempo de serviço há três anos, mas na correria do dia a dia eu deixei para depois. Agora, diante dessa situação, eu resolvi dar entrada na documentação. Não quero me aposentar com 65 anos nem pagar esse pedágio, apesar de que ainda pretenda continuar trabalhando para pagar as contas”, afirmou Sabatini.

"A gente não pode confiar", diz autônoma de 60 anos
A autônoma Maria Aparecida da Costa, 60 - Alfredo Mergulhão - Alfredo Mergulhão
A autônoma Maria Aparecida da Costa também quer se aposentar
Imagem: Alfredo Mergulhão

As notícias sobre as mudanças na Previdência Social também fizeram a autônoma Maria Aparecida da Costa, 60, procurar o INSS. Ela deu entrada na documentação em 5 de novembro e quer se aposentar antes que as novas regras entrem em vigor.

“Eu já posso me aposentar por idade e não quero esperar para ver como as coisas vão ficar. O noticiário diz que as mulheres terão regras diferenciadas, mas a gente não pode confiar. Nunca se sabe como esse projeto será aprovado no Congresso, então eu preferi me adiantar e aposentar logo”, afirmou Maria Aparecida.

Professor quer pagar atrasados para se aposentar

A consultora Eugenize Bezerra Lima, 58, tirou a segunda-feira para dar entrada no pedido de aposentadoria de seu irmão, o professor universitário Euries Bezerra Lima, 56, em uma agência do INSS no centro do Rio.

“Ele fez o agendamento assim que as informações sobre essa reforma começaram a sair na imprensa. A preocupação dele é com o pedágio, pois ele ainda não tem 65 anos para se aposentar e vai se enquadrar nessas regras de transição”, explicou Eugenize.

De acordo com Eugenize, seu irmão ficou um tempo sem contribuir com o INSS. A intenção dele é pagar o valor correspondente ao que deveria ter contribuído nesse período, o mais rápido possível, para dar encaminhamento à aposentadoria antes das novas regras entrarem em vigor.