O que esperar da inflação em 2017
A inflação desacelerou em 2016 e fechou em 6,29%, dentro do limite máximo da meta do governo. Se as previsões se confirmarem, 2017 deve ser o segundo ano seguido de inflação perdendo força.
Este ano deve terminar com alta de 4,81% nos preços, de acordo com economistas consultados pelo Banco Central em sua pesquisa semanal mais recente. O governo, no Orçamento de 2017, estima inflação de 4,8% para este ano.
O BC é mais otimista e prevê inflação em 4,4%. Com isso, ficaria abaixo do centro da meta do governo, que é de 4,5% --com tolerância de 1,5 ponto percentual, ou seja, podendo variar entre 3% e 6%.
Para o FMI (Fundo Monetário Internacional), a desaceleração da inflação terá um ritmo mais lento e os preços devem subir 5% em 2017.
Efeito da recessão e da Lava Jato
A principal razão para a queda da inflação em 2017 será a recessão, segundo Airton dos Santos, economista do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).
"O desemprego está alto, as pessoas não estão comprando e o governo adotou uma política fiscal de não gastar", diz. "Com um crescimento muito baixo ou próximo de zero em 2017, a inflação deve continuar baixa".
De acordo com o economista, um fator que pode acelerar a inflação e frustrar as previsões é a política.
Há expectativa de que sejam divulgadas as delações premiadas de executivos da Odebrecht, na operação Lava Jato, e nomes ligados ao governo do presidente Michel Temer podem ser citados. Além disso, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deve decidir se cassa ou não a chapa Dilma-Temer, eleita em 2014.
"Isso pode mexer com a expectativa de produtores, empresários e consumidores e ter reflexo na inflação", afirma.
Safra recorde e feijão sob controle
Com grande peso no índice oficial de inflação, os preços dos alimentos pesaram no bolso, sobretudo na primeira metade do ano passado. Até julho, a disparada do preço do feijão já havia chegado a quase 90%, e o produto virou até alvo de piada nas redes sociais.
Os problemas climáticos que prejudicaram as safras de feijão e contribuíram para o aumento do preço no ano passado não existem mais, diz Cleverton Santana, técnico da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).
Segundo ele, a produção de alimentos, em geral, deve aumentar em relação a 2016 porque a previsão é de condições climáticas melhores neste ano. Tanto a Conab quanto o IBGE projetam safra recorde.
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