Agência de risco rebaixa nota do Brasil, que fica longe de ser bom pagador
A agência de classificação de risco Standard & Poor's reduziu nesta quinta-feira (11) a nota de crédito da dívida soberana do Brasil de BB para BB-. Ao mesmo tempo, a perspectiva para o rating brasileiro foi elevada de negativa para estável.
O Brasil perdeu o grau de investimento da S&P, uma espécie de "selo de bom pagador", em setembro de 2015. Desde então, a S&P e as outras duas principais agências, a Moody's e a Fitch, fizeram sucessivos cortes na nota do país.
Com o novo rebaixamento feito pela S&P, o país fica três níveis abaixo do grau de investimento. A perspectiva estável significa que a agência terá de esperar pelo menos seis meses para alterar a nota do país.
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Em comunicado, a S&P informou que o Brasil está demorando para implementar as reformas que reduzam os riscos fiscais do país, principalmente a da Previdência.
“Apesar de vários avanços da administração [Michel] Temer, o Brasil fez progresso mais lento que o esperado em implementar uma legislação significativa para corrigir a derrapagem fiscal estrutural e o aumento dos níveis de endividamento”, justificou a agência.
Em nota, o Ministério da Fazenda afirmou que a classificação de risco poderá ser revertida com o crescimento da economia brasileira e com a aprovação da reforma da Previdência.
"A S&P avalia que há cenários que podem levar a uma eventual reversão da decisão tomada nesta quinta-feira, como a retomada do crescimento em função das medidas macro e microeconômicas já adotadas e aprovação das reformas. Uma elevação da nota, portanto, seria decorrente da aprovação das medidas fiscais propostas", diz o texto divulgado pela pasta.
Alertas
Em dezembro, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, conversou com as agências após as três emitirem alertas sobre o risco de rebaixamento do Brasil caso a reforma da Previdência não seja aprovada. Segundo o ministro, as reuniões serviram para explicar as razões de a previsão de votação da reforma ter sido adiada para fevereiro.
A reforma da aposentadoria é considerada pelo mercado fundamental no equilíbrio das contas públicas, mas enfrenta forte oposição da população e de parlamentares. A avaliação de analistas é que as chances de aprovação de uma reforma impopular em ano eleitoral são menores.
Avaliação indica risco de calote
Um governo ou empresa consegue dinheiro vendendo títulos no mercado. Os investidores compram papéis com a promessa de receberem o dinheiro de volta no futuro com juros. Quando um governo ou empresa tem avaliação ruim, considera-se que há risco de dar um calote e não pagar esses investidores.
Se houver desconfiança sobre essa devolução, fica difícil conseguir vender esses títulos, e é preciso pagar mais juros aos investidores para compensar o risco maior. O rating, ou classificação de risco, indica aos investidores se um país, empresa ou negócio é considerado um bom pagador ou não.
O chamado grau de investimento, por exemplo, indica que tem baixo risco de dar calote, e que as aplicações financeiras feitas por investidores estrangeiros nesse país ou empresa terão risco próximo a zero.
Agências falharam na crise de 2008/2009
A classificação das agências de risco é um instrumento relevante para o mercado, uma vez que fornece aos potenciais credores uma opinião supostamente independente a respeito do risco de calote de países, empresas e negócios.
Porém, as agências foram muito criticadas por terem falhado na crise global de 2008/2009. Elas deram boas notas para operações de vendas de hipotecas imobiliárias nos EUA que afundaram bancos e investidores e geraram a grande crise financeira.
(Com Reuters e Agência Brasil)
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