Juro do cartão cai 156 pontos em um ano, após mudança, mas ainda é de 334%
Um ano após o governo mudar as regras para o rotativo do cartão de crédito, os juros médios da modalidade despencaram 155,8 pontos percentuais, passando de 490,3% ao ano, em março de 2017, para 334,5% ao ano em março de 2018, segundo dados do Banco Central. Para quem pagou pelo menos o valor mínimo da fatura do cartão, a queda foi ainda maior nesse período: de 431,7% para 239,1% ao ano (-192,6 pontos).
Ainda assim, os juros do cartão continuam num patamar elevado, muito acima da taxa básica (Selic) de juros do país, que estava em 12,25% ao ano, em março do ano passado, e agora está em seu menor patamar histórico, a 6,5% ao ano.
Esses são números médios e podem variar para cada situação específica, porque os bancos oferecem taxas diferentes de acordo com o plano contratado pelo cliente e a relação entre eles (quem tem mais dinheiro no banco paga menos taxas).
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Por que juros ainda estão altos?
Segundo especialistas, vários fatores contribuem para que os juros cobrados do consumidor permaneçam altos, como falta de competição no setor bancário, lucro dos bancos, calotes, ausência de informações sobre os bons pagadores e impostos. Todos esses fatores representam 80% do custo do dinheiro no Brasil, enquanto a Selic em si responde pelos 20% restantes.
Não há competição entre os bancos no Brasil. Praticamente 90% do setor está nas mãos de cinco instituições. Por isso, não existe uma preocupação efetiva em reduzir as taxas cobradas.
Andrew Storfer, diretor de Economia da Anefac
Mudança ajudou a diminuir inadimplência, diz associação
A queda da inadimplência do cartão era um dos objetivos propostos pelo setor de cartões e pelo Banco Central com a mudança na regra do rotativo, segundo a Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços).
Dados da entidade apontam que o índice de pessoas que não pagam em dia caiu de 7,5%, antes das mudanças, para 5,9% no mês passado, menor patamar desde que a pesquisa começou a ser feita, em março de 2011.
"Esses movimentos mostram que os objetivos propostos pela mudança estão sendo atingidos e o consumidor tem aproveitado a nova regra para buscar uma alternativa de crédito mais barata, com pagamento em parcelas fixas e taxas de juros inferiores às do crédito rotativo, o que garante maior controle do orçamento", disse a Abecs, em nota.
Novas regras do cartão
Desde abril do ano passado, o consumidor só pode usar o rotativo do cartão de crédito por, no máximo, 30 dias. Após esse período, o banco deve apresentar uma proposta mais vantajosa para o cliente, como o crédito parcelado. Nesse caso, os juros são mais baixos que no rotativo, mas ainda assim altos.
Antes, se o consumidor não pagava o valor total da fatura do cartão de crédito, a dívida era jogada para o mês seguinte, por meio do chamado crédito rotativo. Isso acontecia mês a mês, sucessivamente, com a cobrança de juros sobre juros, transformando a dívida numa bola de neve.
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