Governo reduz meta de inflação para 3,75% em 2021; limite máximo é de 5,25%
O governo decidiu nesta terça-feira (26) reduzir sua meta de inflação para 2021. O objetivo é alcançar um IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de 3,75% no ano, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos, ou seja, podendo variar entre 5,25% e 2,25%.
Não houve alteração nas metas já definidas para 2018, 2019 e 2020. No ano passado, o CMN fixou as metas de inflação para 2019 em 4,25% (podendo variar entre 2,75% e 5,75%) e para 2020 em 4% (com margem de 2,5% a 5,5%).
A meta de 2018 é manter a inflação em 4,5% ao ano, podendo variar entre 3% e 6%. Em maio, a inflação ficou em 0,4% e foi a 2,86% no acumulado de 12 meses, abaixo do limite mínimo da meta do governo.
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A decisão sobre a meta da inflação foi tomada pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), formado pelo ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, o ministro do Planejamento, Esteves Colnago, e pelo presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn.
Em nota, o Ministério da Fazenda afirmou que a fixação da meta de inflação de 2021 em 3,75% é "mais um passo" na direção da obtenção de taxas de inflação mais baixas de forma sustentável.
Meta é divulgada com 3 anos de antecedência
Em 2017, o CMN alterou a forma como divulga a meta para a inflação e passou a informar o dado com três anos de antecedência. Até então, a meta era divulgada dois anos antes --a de 2018 foi definida em 2016.
Com isso, as metas de 2019 e 2020 foram anunciadas no ano passado e a de 2021 foi decidida agora.
Por que cumprir a meta é importante?
O regime de metas é usado como referência pelo governo para adotar medidas de controle da inflação. Isso dá tranquilidade à população e ao mercado financeiro de que o país se preocupa em controlar a alta de preços.
O que acontece quando ela não é cumprida?
Nesse caso, o presidente do Banco Central deve enviar uma carta aberta ao ministro da Fazenda explicando por que a meta não foi cumprida, quais ações serão adotadas pelo órgão para que a inflação volte para dentro da margem de tolerância e o tempo esperado para que essas medidas surtam efeito.
Por que há uma margem de tolerância?
O objetivo é atingir o centro da meta, mas há uma margem de tolerância para mais ou para menos. Isso é importante porque o BC não tem controle absoluto sobre o comportamento dos preços, e suas medidas (aumento ou redução dos juros) levam um tempo para fazer efeito.
A tolerância também ajuda a dar tranquilidade caso ocorram eventos inesperados que possam desviar a inflação de seu objetivo, como uma disparada do dólar ou a greve de caminhoneiros. Porém, essa margem não pode ser muito grande, pois poderia passar a impressão de que o país não está realmente comprometido em atingir o centro da meta.
Alguma vez a meta já foi descumprida?
Sim, em 2017 a inflação foi de 2,95%, abaixo da meta de 4,5% (com tolerância entre 3% e 6%). Em sua carta aberta ao ministro da Fazenda, o presidente do Banco Central atribui o não cumprimento da meta à queda nos preços dos alimentos.
Entre 2001 e 2003 e em 2015, a inflação ficou acima do limite máximo estipulado pela meta do governo.
Quando e por que o país criou metas para a inflação?
Em 1999, o país deixou de ter o câmbio controlado e, com isso, houve dúvidas se conseguiria manter a inflação controlada ou se a estabilidade conquistada com o Plano Real, em 1994, iria "por água abaixo". Para tentar tranquilizar a população e o mercado, o governo adotou o sistema de metas para a inflação. O governo divulga publicamente um valor, e o Banco Central se compromete a buscar esse objetivo.
Só o Brasil usa esse sistema?
Não. Vários países usam esse mecanismo, de acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional). O primeiro a adotar o sistema foi a Nova Zelândia, em dezembro de 1989, seguido por Canadá, Reino Unido e Austrália. Chile, México e Peru também fazem parte do grupo, entre outros.
Que ferramentas são usadas para controlar a inflação?
A principal ferramenta usada para controlar a inflação é a taxa básica de juros, a Selic, definida pelo BC a cada 45 dias. A taxa atual é de 6,5% ao ano. Quando a inflação está alta, o BC sobe os juros. Com isso, empréstimos e financiamentos ficam mais caros, as empresas investem menos e as pessoas cortam gastos, o que tende a reduzir a inflação. Por outro lado, quando a inflação está baixa, o BC joga os juros para baixo, o que incentiva o consumo e os investimentos.
(Com Reuters)
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