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A inflação na sua casa foi maior que a oficial? Saiba por que isso acontece

Do UOL, em São Paulo

11/01/2019 12h12Atualizada em 11/01/2019 18h33

A inflação oficial no país em 2018 foi de 3,75%, dentro da meta do governo, mas muita gente pensa: como assim? Se o preço do tomate e da cebola dispararam, a gasolina e a conta de luz não pararam de subir, e o salário cada vez menos dá conta de todas as despesas da família?

A inflação que as pessoas sentem no bolso geralmente é bem maior que o índice oficial. Isso é normal e não quer dizer que o dado oficial seja fraudado.

As pessoas duvidam da inflação oficial porque as contas que elas pagam cresceram muito mais que isso. Leitores do UOL mandaram mensagens como "Quem vai ao supermercado ou utiliza serviços sabe que esta inflação oficial é mentira" ou "Estranho. Não é isso o que dizem os boletos de plano de saúde, mensalidade escolar, faturas de energia elétrica e gás." 

A conta não é uma média simples; entenda como é feita

O IBGE explica que o cálculo da inflação não é uma média simples, em que se somam todos os itens e depois se divide o número pela quantidade de itens. É uma média ponderada, que considera não só as variações dos preços dos produtos, mas também a participação de cada um deles no orçamento médio das famílias brasileiras.

Cada item de consumo tem um peso diferente e, por isso, exerce um impacto distinto sobre o índice de inflação e no bolso dos cidadãos.

Por exemplo, os pesos do tomate e dos planos de saúde. O preço do tomate teve forte alta em 2018 (71,76%), mas o produto tem um peso reduzido para as famílias porque elas gastam, em média, apenas 0,18% do orçamento no seu consumo.

Já os planos de saúde subiram bem menos (11,17%), mas têm peso maior na inflação, pois ocupam 3,9% do orçamento médio das famílias.

Ponderando-se essas duas variáveis, o impacto do tomate no IPCA foi de 0,13 ponto percentual em 2018 (71,76 x 0,18 = 0,13).

O impacto dos planos de saúde foi de 0,44 ponto percentual (11,17 x 3,9 = 0,44).

Como há produtos que subiram e alguns que caíram, não se pode considerar só o tomate e os planos de saúde. O cálculo tem de incluir tudo. Foi por meio dele que se chegou aos 3,75%, anunciados pelo IBGE.

Tomate, batata e gasolina subiram; açúcar e ovos caíram

No caso específico da inflação de 2018, alguns alimentos como tomate (+71,76%), cebola (+36,71%) e batata (+23,76%) subiram bastante, aumentando os gastos com alimentos (+4,04%).

A gasolina também ficou mais cara, com alta de 7,24%. Sem falar na conta de luz (+8,7%), nos planos de saúde (+11,17%), nas passagens aéreas (+16,92%) e na tarifa de ônibus urbano (+6,32%). 

No geral, os alimentos ficaram mais caros, mas alguns produtos tiveram queda significativa de preço. É o caso do café moído (-8,22%), do açúcar (-6,36%) e dos ovos (-4,03%). Também ficaram mais baratos os itens de higiene pessoal (-3,22%).

Conta inclui centenas de produtos

Os índices de inflação são usados para medir a variação dos preços e o impacto no custo de vida da população. Eles são calculados com base no preço de centenas de produtos (tão amplo que inclui tomate, sabonete e até celular, por exemplo).

Esse grupo de produtos varia conforme o índice usado (IPCA, INPC, IGP-M). No caso da inflação "oficial", o índice usado é o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que inclui mais de 400 itens. Quando se fala que a meta da inflação está sendo cumprida ou estourou, é a esse índice que se refere.

Diferentes índices de inflação

Esses produtos e seu peso também variam conforme a faixa de renda da população. Por isso, existem diferentes índices de inflação.

Cada índice tem uma metodologia diferente, e a medição é feita por diversos órgãos especializados, como o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a FGV e a Fipe.

Entre as diferenças de método, estão os dias em que os índices são apurados, os produtos que incluem, o peso deles na composição geral e a faixa de população estudada.