Novo frete mínimo de caminhoneiros sai em julho; entidades descartam greve
A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) definirá até julho novos pisos mínimos para os fretes de caminhão. A ideia é que sejam garantidos pelo menos os custos do transporte, o que não acontece hoje, segundo os caminhoneiros. A atual tabela, adotada a partir da greve que paralisou o país no ano passado, não atende ao que a categoria quer.
A partir do novo valor mínimo, os caminhoneiros autônomos negociariam com as transportadoras o frete total. Entidades que representam os caminhoneiros descartaram a realização de nova greve. Mas as entidades não representam todos os caminhoneiros. Muitos são independentes.
Entidades descartam greve de caminhoneiros
A Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) e a Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam) disseram que não existe ameaça de greve nem nenhuma mobilização.
O porta-voz da Abcam informou que costuma fazer monitoramentos constantes entre entidades de classe, lideranças e grupos da categoria, além de redes sociais, para saber se existe algum risco latente de greve, mas, até o momento, não identificou "nenhuma insatisfação".
Em maio do ano passado, os caminhoneiros iniciaram uma paralisação para exigir a redução nos preços do óleo diesel, que haviam subido mais de 50% nos 12 meses anteriores. A principal reivindicação era a isenção dos impostos que incidem sobre o combustível, como o PIS/Cofins. Eles também exigiam a fixação de um piso mínimo para a tabela de preços.
Com os caminhões parados, bloqueando parcialmente estradas e rodovias, a distribuição de combustíveis e outros gêneros ficou interrompida. Em meados de junho, a Secretaria de Política Econômica do então Ministério da Fazenda divulgou que a paralisação havia causado impacto negativo de cerca de R$ 15,9 bilhões, 0,2% do PIB (Produto Interno Bruto).
Frete vai até R$ 2,15 por km
A última atualização da tabela ocorreu em 21 de janeiro deste ano. As tarifas mínimas são:
- R$ 0,90 por km (de 2.901 a 3.000 km)
- R$ 2,15 por km (de 1 a 100 km)
Esses preços oscilam ainda segundo o número de eixos do caminhão.
Diumar Bueno, presidente da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), disse que a tabela atual de preços mínimos não atende às necessidades dos caminhoneiros.
Preço baseado em caminhões ultrapassados
A Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam) afirmou que essas tabelas vêm sendo elaboradas com base em caminhões que não condizem mais com a realidade da maioria da frota. A estimativa é que haja 2 milhões de caminhões (metade de autônomos e, a outra, de empresas de transporte).
"Ao se estabelecerem pisos mínimos para os fretes, será possível negociar com as transportadoras um valor que, no mínimo, garanta nossos custos operacionais, o que não ocorre hoje", disse o presidente da CNTA, entidade que agrega caminhoneiros autônomos. Eles respondem pelo transporte de aproximadamente 50% dos produtos duráveis e perecíveis em todo o país.
Custos do transporte em caminhões
Entre os custos operacionais do transporte de carga, estão:
- Combustível
- Lubrificantes
- Pneus
- Peças
- Depreciação (envelhecimento) do caminhão
- Seguro obrigatório
- IPVA
- Salário do motorista, no caso de empresas com frota própria
Pesquisa vai definir valores mínimos do frete
Para chegar ao piso mínimo do frete, a ANTT contratou o Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial, da Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz (Esalq-USP). Estão sendo levantados dados para detalhar a realidade do setor.
Outros dois estudos serão realizados em janeiro e junho de 2020 com o mesmo objetivo, mas devem incluir novos indicadores operacionais de transporte.
A pesquisa levanta dados como:
- Idade média dos caminhões
- Tipos de carga
- Distribuição das rotas
- Número de eixos
- Distâncias médias das rotas
- Velocidade média
- Salário médio do motorista
- Horas trabalhadas
- Marca e tipo de pneu
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