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Área de soja ultrapassa 1 milhão de hectares graças à parceria com a cana

Eliane Silva

Especial para o UOL, em Ribeirão Preto (SP)

18/03/2019 04h00

A soja tem avançado rápido no estado de São Paulo nos últimos dez anos graças a parcerias com a cana-de-açúcar na renovação das lavouras. Na safra 2008/09, o grão ocupava 531,3 mil hectares no estado, segundo dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). Na safra 2018/19, a estimativa é passar pela primeira vez de 1 milhão de hectares, atingindo 1,026 milhão, quase o dobro. No Brasil, no mesmo período, a soja avançou de 21,74 milhões de hectares para 35,82 milhões, aumento de 64%.

O pesquisador do IAC (Instituto Agronômico de Campinas) Denizart Bolonhezi estima que 500 mil hectares de soja da safra paulista estejam em áreas de reforma dos canaviais. Segundo ele, cada vez mais produtores estão buscando parcerias com a soja principalmente pelo atrativo de preço do grão no mercado internacional e pela produtividade até 20% maior da cana no retorno à área.

Pesquisas apontam que a soja de ciclo curto, 110 ou 120 dias, se encaixa bem no ciclo da cana. O plantio do grão previne erosões e melhora a fertilidade do solo, deixando maior residual de nitrogênio para a cana. Além disso, permite um controle melhor das pragas daninhas.

Bolonhezi disse que ainda há muito espaço para a soja crescer no estado porque a taxa média de renovação de canaviais, que deveria ser de 20% da área plantada ao ano, está em torno de 10% nos últimos anos devido à crise do setor. "O custo para renovação é muito alto, cerca de R$ 7.000 o hectare. Por isso, muitos produtores adiam a decisão de reformar o canavial, o que afeta a produtividade."

Para o agrônomo Fabio Meneghin, analista da Agroconsult, semear soja antes de renovar o canavial é uma tendência irreversível porque a parceria traz benefícios agronômicos na rotação das lavouras e dilui o investimento caro do plantio da cana.

Paulo Rodrigues, que tem fazendas de cana na região de Ribeirão Preto (SP) e em Frutal (MG), disse que atualmente faz 100% da renovação com soja e que isso tem sido fundamental para a sustentabilidade do negócio cana. Ele também presta esse serviço para terceiros. "Além de agregar renda, o plantio da soja gera vantagens agronômicas, ambientais e sociais, mas é preciso planejamento para a parceria dar bons resultados."

O Grupo Agroterenas, que planta 80 mil hectares de cana nos municípios paulistas de Maracaí e Paraguaçu Paulista, iniciou com operação própria a renovação de seus canaviais com soja há cinco anos plantando 300 hectares. Na safra 2018/19, plantou 5.000 hectares em áreas de reforma de cana. Na próxima safra, o plano é aumentar para 7.000.

"Soja é uma cultura que você põe dinheiro, e ela responde", afirmou o diretor agroindustrial do grupo, Adilson Luis Penariol, acrescentando que a rotatividade garante 15% a mais de produtividade para a cana.

Ele disse que nesta safra, com mais investimento em sementes, adubos e parceiros, a estimativa é colher 67 sacas por hectare ante as 40 ou 50 sacas dos primeiros anos. O Agroterenas também opta pela soja na rotação de pastos e na reforma de seus laranjais.

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