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Crise na Venezuela pode afetar preço de combustíveis, como disse Bolsonaro?

Letícia Cotta

Colaboração para o UOL, em São Paulo

03/05/2019 11h32

O acirramento da crise na Venezuela pode deixar os combustíveis mais caros no Brasil, como disse o presidente Jair Bolsonaro? Segundo analistas ouvidos pelo UOL, sim.

A crise política na Venezuela e o embargo econômico ao país podem reduzir a oferta de petróleo no mercado internacional, já que o país é responsável por parte considerável da produção. Com menos oferta, a tendência é o preço do petróleo subir.

Só neste ano, os preços do petróleo subiram mais de 30%. Entre os motivos estão a produção reduzida pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), sanções dos EUA ao Irã e à Venezuela e o crescente conflito na Líbia, membro da Opep.

Política de preços da Petrobras

Os preços dos combustíveis no Brasil dependem do valor do barril de petróleo no mercado internacional e da cotação do dólar, de acordo com a política de preços da Petrobras.

Portanto, se o petróleo ficar mais caro no mercado internacional, a tendência é haver um aumento no preço dos combustíveis nas refinarias brasileiras e, consequentemente, na bomba.

"Com a política da Petrobras de realizar os ajustes nos preços nas refinarias para compensar o aumento dos preços do petróleo, esse repasse para o consumidor final seria inevitável", afirmou Tiago Mori, da Eixo Investimentos.

Segundo Mori, isso poderia inclusive ter um efeito em cascata nos preços por aqui. "O Brasil é um país muito dependente do transporte rodoviário, o que impacta diretamente nos preços dos bens aqui produzidos e transportados. Dessa forma, poderia ocorrer um eventual aumento na inflação do país."

Uma saída: refinar mais petróleo

O Brasil, porém, poderia depender menos da importação de petróleo refinado e estar menos sujeito a oscilações do preço no mercado internacional, segundo o professor de Finanças Públicas da Universidade de Brasília Roberto Piscitelli.

"Não precisaríamos estar nessa situação de sufoco se o país tivesse capacidade de refinar boa parte de seu óleo. Temos uma política que se baseia exclusivamente em extração de óleo bruto e importação de derivados", afirmou.

(Com Reuters)

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