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Custo de plano de saúde empresarial deve subir 4 vezes mais que inflação

Vladimir Goitia

Colaboração para o UOL, em São Paulo

22/05/2019 04h00

Os custos com planos de saúde corporativos (contratados pelas empresas para seus funcionários) no Brasil neste ano devem subir quatro vezes mais que a inflação e ficar bem à frente de outros países. Segundo levantamento da empresa de seguros e avaliação de riscos Aon, a alta média no Brasil deve ser de 17%. Isso representa quase o triplo da China (6%) e do Canadá (6%), por exemplo.

Não significa que o seu plano vá necessariamente aumentar os 17%. O percentual exato varia de caso a caso, porque as empresas costumam absorver parte dos custos, mas um reajuste sempre é repassado aos funcionários. Outra opção é sua empresa trocar de plano e manter os valores originais ou dar um aumento menor.

A elevação de preços estimada pela Aon no Brasil é superior à de países como China (6%), Índia (9%), Rússia (11%), Estados Unidos (6,5%), Canadá (6%), Reino Unido (6%), Alemanha (5%) e México (13%), entre outros, aponta o estudo. Na América Latina e Caribe, o Brasil deve ser superado apenas por Argentina (25%) e Venezuela (100.000%).

A Abramge (Associação Brasileira de Planos de Saúde) disse que a taxa projetada pela Aon para o Brasil está dentro das expectativas da entidade.

Quatro vezes mais que a inflação

O aumento de custos no Brasil previsto no estudo é mais de quatro vezes superior à inflação prevista para este ano (4,04% pelo IPCA, segundo o mais recente Boletim Focus do Banco Central).

Nos últimos três anos, a alta foi de 52,9% (em 2016, 16,7%; em 2017, 17,2%; e em 2018, 19%), bem acima dos 14,8% da inflação nesse mesmo período.

Alta deve ser repassada a funcionários

Nos últimos dois anos, mais da metade das empresas começou a repassar parte desse aumento para seus funcionários, segundo Rafaella Matioli, diretora de Consultoria de Benefícios da Aon Brasil. Outra tendência que começa a crescer entre as empresas é cobrar uma parcela fixa para cada um dos dependentes de seus empregados.

"Os planos de saúde no Brasil passaram de uma atividade apenas suplementar para quase 100% de atendimento privado, porque a saúde pública não atende mais à demanda. É praticamente o contrário do que ocorre em países europeus, por exemplo", disse.

Segundo a Aon, os aumentos nos planos são "tecnicamente necessários para lidar com a inflação estimada nos preços, com os avanços tecnológicos na área médica, com os padrões de utilização dos planos e com transferência do custo de programas sociais para seguros privados, incluindo planos patrocinados por empresas em cada país analisado".

Marcos Novaes, economista-chefe da Abramge, afirmou que as empresas costumam absorver boa parte dos aumentos, mas também negociam alternativas com as operadoras de planos de saúde. Entre elas, estão mudanças no produto e/ou alcance do atendimento (uma espécie de "rebaixamento" nos planos) e a criação de consultórios dentro das empresas para programas de prevenção.

Planos de saúde são 2º maior custo

Na grande maioria dos casos, os planos de saúde corporativos respondem pelo segundo maior custo dentro das empresas, atrás apenas da folha de pagamento dos colaboradores.

Segundo o IESS (Instituto de Estudos de Saúde Suplementar), o mercado de planos de saúde médico-hospitalares encerrou o primeiro trimestre deste ano com 47,1 milhões de usuários. Desse universo, 80,5% são de planos coletivos (empresarial e por adesão) e 19,2% têm plano individual ou familiar. O restante 0,3% não é informado.

Empresas culpam uso excessivo de recursos

Rafaella, da Aon, disse que um dos principais e maiores fatores que têm pesado no aumento dos custos nos planos de saúde no Brasil é o uso excessivo de recursos (internações, consultas, terapias, procedimentos e exames, entre outros) que poderiam ser evitados.

Segundo a Abramge, o Brasil é campeão do mundo em ressonância magnética. "Por ano, são feitas aqui 130 para cada mil beneficiários. Nos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), são 52 para cada mil", afirmou Novaes.

Na avaliação dele, esses números mostram os excessos que existem em procedimentos que podiam ser evitados. Uma redução nisso permitiria reajustes menores nos planos de saúde corporativos.

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