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Estudo diz que 49% dos brasileiros com smartphones usam assistentes de voz

Levantamento "Latin America Finds its Voice" foi feito com base em mais de 4.000 entrevistas no México, Brasil, Colômbia, Argentina e Chile - iStock/Getty Images
Levantamento "Latin America Finds its Voice" foi feito com base em mais de 4.000 entrevistas no México, Brasil, Colômbia, Argentina e Chile Imagem: iStock/Getty Images

Renato Pezzotti

Colaboração para o UOL, em São Paulo

19/08/2019 04h00

Um estudo da agência de marketing digital iProspect apontou que 49% dos usuários de smartphone no Brasil já usam assistentes de voz.

O levantamento "Latin America Finds its Voice" foi feito com base em mais de 4.000 entrevistas no México, Brasil, Colômbia, Argentina e Chile. Considerando toda a região, o resultado sobe para 51%.

Segundo o estudo, os consumidores usam os recursos de voz porque são mais rápidos (para 86% dos respondentes) e mais fáceis do que digitar (para 50% dos entrevistados).

"Esses números ainda crescerão. Isso porque há uma melhora na experiência de uso a caminho: a maioria dos assistentes já aceita ou estão prestes a lançar versões em português, o que dará ainda mais escala para a adoção desta tecnologia pelas pessoas", declarou Gustavo Macedo, diretor de Inovação da iProspect no Brasil.

Nova oportunidade para as marcas

Segundo a consultoria Gartner, metade de todas as buscas nos celulares serão acionadas por voz até 2020. Os assistentes de voz, hoje, dão dicas de festas, pedem motorista e rendem até brindes.

"É provável que a interação entre pessoas e assistentes de voz torne-se tão comum quanto a interação entre dois seres humanos. São facilitadores. A oportunidade para negócios, seja em entretenimento ou varejo, são enormes", afirmou Gustavo Giglio, sócio da produtora de conteúdo Update or Die.

No Festival de Cannes deste ano, a HBO ganhou o prêmio máximo na categoria Radio&Audio com a ação "The Maze", criada pela agência 360i NY para a série Westworld.

A empresa criou uma série inteira dentro do Alexa, assistente de voz da Amazon. Ao dizer a frase "Alexa, open Westworld", o público era levado para dentro da história, onde poderia interagir com 36 diferentes atores. Segundo a marca, foram criadas mais de 11 mil linhas diferentes de roteiro a partir da ação.

Transformar o ponto de contato em vendas

"A oportunidade não se restringe a criar mais um ponto de contato. É sair na frente em um contexto onde as vendas podem ser feitas em segundos. Conquistar esse território pode ser um grande diferencial, tanto no que diz respeito à proximidade quanto na relação emocional entre marcas e pessoas", declarou Giglio.

Outro case que fez sucesso no Festival de Cannes deste ano veio da Índia. A varejista Flipkart criou, em parceria com o Google, uma forma de venda por comando de voz, via aparelhos de celular. No projeto "Hagglebot", desenvolvido em parceria com a agência Dentsu Webchutney, o cliente podia barganhar descontos com o robô-atendente marca.

A ação explorou a inteligência artificial e criou um canal digital totalmente humanizado. "Isso mostra a preocupação latente na produção de um bom conteúdo, desenvolvimento de entretenimento de marca e inteligência artificial", afirmou Giglio.

"Um bom começo é disponibilizar conteúdo que responda questões que comecem com 'como', 'o quê', 'onde', 'quando', 'qual' e 'quem', por exemplo. Outro ponto importante é pensar no tom de voz mais adequado. A resposta, além de útil, deve ser agradável ao ouvido humano. Não pode parecer fria e distante", disse Macedo.

Problemas de privacidade

Os assistentes de voz têm enfrentado questionamentos em relação à privacidade de seus usuários. Quando eles estão nos escutando?

Nesta semana, o Facebook confirmou que estava transcrevendo áudio de usuários. Disse, porém, que "não vai mais fazer isso", devido às investigações sobre essas práticas em outras empresas. "Assim como a Apple e o Google, suspendemos a análise humana de áudio há mais de uma semana", afirmou a empresa, na terça-feira (13).

Em abril, a Amazon também foi acusada de quebrar a privacidade dos usuários da Alexa. Segundo a agência de notícias Bloomberg, uma série de funcionários da empresa ouvia tudo o que era dito --mas, segundo a empresa, "com a intenção de melhorar a interação do software" com os humanos.

"Nós levamos a segurança e privacidade muito a sério. Só anotamos uma pequena amostra das gravações, que nos ajudam a treinar o reconhecimento de fala, fazendo com que o sistema consiga entender melhor os comandos e prestar um bom serviço a todos", disse um porta-voz da empresa.