O que é deflação? Entenda a queda dos preços e o que acontece na economia
O Brasil teve deflação de 0,68% em julho, informou nesta terça-feira (9) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). É a menor taxa já registrada pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) desde o início da série histórica, em janeiro de 1980.
O que é deflação? É a inflação negativa, que sinaliza uma queda média dos preços — neste caso, ela foi reduzida por dois grupos entre os nove pesquisados: combustíveis e energia elétrica. Alimentação e bebidas, por exemplo, continuam em alta.
É uma boa notícia para o bolso do consumidor, que paga menos em alguns produtos. A inflação é um ponto que vinha preocupando no Brasil por causa da alta contínua. Em 12 meses, o acumulado é de 10,07%, mas está diminuindo. Considerando só este ano, desde janeiro, a inflação é de 4,77%.
O que fez a inflação cair? A queda no IPCA foi puxada principalmente pela redução nos preços de combustíveis (-14,15%) e energia elétrica (-5,78%).
A desaceleração era esperada após a Petrobras anunciar que o preço médio do combustível vendido a distribuidoras ficaria 20 centavos mais barato.
Em junho, também houve a redução do ICMS sobre serviços essenciais, como energia elétrica, comunicações e combustíveis.
Há algum problema quando existe deflação? No momento atual da economia brasileira, a deflação é bem-vinda, pois dá um alívio para os consumidores, melhora o poder de compra e estimula o consumo.
A inflação negativa pode ser um risco apenas se ela for muito duradoura, por um ano inteiro, por exemplo. Aí provoca efeito contrário.
As indústrias podem parar de produzir porque o preço de venda não é o que elas desejam. Isso causa desemprego (por causa da redução de produção) e a economia vai parando.
Isso poderia virar um ciclo vicioso. Com mais demissões, o consumo se reduz mais ainda, e as indústrias acabam cortando a produção de novo. É um efeito dominó.
Mas é melhor ter inflação então? O ideal é ter uma inflação baixa, razoavelmente estável, mas positiva. Esse número mágico seria na casa dos 2% a 3% ao ano.
Por que a inflação para o consumidor é diferente da oficial? Os índices de inflação são usados para medir a variação dos preços e o impacto no custo de vida da população.
A inflação que as pessoas sentem no bolso é bem maior que o índice oficial. Isso é normal e não quer dizer que o dado oficial seja fraudado.
Centenas de produtos: O índice geral é calculado com base numa cesta de centenas de produtos (como tomate, sabonete e celular, por exemplo). Essa cesta varia conforme o índice (IPCA, INPC, IGP-M). São mais de 400 itens no IPCA, a inflação "oficial" do país.
Cada item dessa lista tem um peso relativo no índice geral. Se o preço do tomate sobe 50%, o consumidor paga isso, mas a inflação geral não será de 50%, porque o tomate tem uma certa influência na cesta, mas existem muitos outros produtos a serem considerados nessa conta.
É uma combinação disso que faz chegar ao índice. Cada pessoa consome uma quantidade, um tipo e uma marca diferente de cada produto. Por isso o cálculo é complexo.
Diferentes índices: Esses produtos e seu peso variam conforme a faixa de renda da população. Por isso, existem diferentes índices de inflação.
O mais citado é o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), usado como "oficial" pelo governo. Quando se fala que a meta da inflação está sendo cumprida ou estourou é a esse índice que se refere.
Mas há muitos outros, como INPC, IPC-Fipe, IPC-S e IGP-M.
Cada índice tem uma metodologia diferente, e a medição é feita por diversos órgãos especializados, como o IBGE, a FGV e a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).
Entre as diferenças de método, estão os dias em que os índices são apurados, os produtos que incluem, o peso deles na composição geral e a faixa de população estudada.
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