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Lula critica Guedes em ajuda a pobres: 'por que chega na mão do banqueiro?'

Ex-presidente vê bancos com privilégios na ajuda oferecida pelo governo Bolsonaro - Zanone Fraissat/Folhapress
Ex-presidente vê bancos com privilégios na ajuda oferecida pelo governo Bolsonaro Imagem: Zanone Fraissat/Folhapress

Do UOL, em São Paulo

16/04/2020 11h39

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva questionou hoje as prioridades do ministro da Economia Paulo Guedes nas medidas de auxílio por conta da crise do coronavírus. Com os primeiros pagamentos à população mais carente aguardados para amanhã, por meio do auxílio emergencial de R$ 600 aos informais, Lula lembrou a ajuda prévia oferecida pelo Banco Central.

"A (corretora) XP (Investimentos) foi atrás do Guedes e do Moro. E foi atrás do Guedes para aprovar R$ 1,2 trilhão para salvar essas consultorias de investimentos", afirmou Lula em entrevista à Rádio Metrópole, de Salvador. "Se demora tanto para chegar o dinheiro na mão do pobre, porque chega tão rápido na mão do banqueiro?", questionou.

Lula citou a ajuda anunciada pelo BC ainda em meados de março. A quantia citada pelo ex-presidente foi colocada à disposição para tentar manter a liquidez do sistema financeiro, garantindo que os bancos possam fazer suas operações. O R$ 1,2 trilhão chamou a atenção por equivaler a 16,7% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro.

Para o ex-presidente, o governo de Jair Bolsonaro tem que assumir a responsabilidade por suprir os estados nesse momento de crise econômica. "Temos que aproveitar essa febre do coronavírus porque ficou demonstrado que só o Estado tem condições de cuidar disso", disse Lula.

"É por isso que eu fico nervoso, porque esse Guedes diz todo dia que vai dar dinheiro e o dinheiro não chega nos estados. O que eu tenho ouvido dos governadores do Nordeste é que grande parte do dinheiro que eles anunciam não chega aos estados. O governo não se preparou", acrescentou.

Impressão de dinheiro

Lula acredita que o governo deveria injetar dinheiro na economia por meio da emissão de moeda. "A gente tem que colocar a máquina para rodar dinheiro. Você não vai gerar inflação. Você acha que o Roosevelt estava preocupado com o orçamento quando fez o New Deal?", citou, lembrando o plano dos Estados Unidos para sair da crise de 1929.

"O Brasil na Guerra do Paraguai gastou o equivalente a 11 orçamentos da União. Agora a gente tem que ganhar a guerra desses soldadinhos chamados corona, e a gente tem a bomba atômica para salvar, que é o isolamento", afirmou o ex-presidente, em referência também às medidas de distanciamento social em vigor na maior parte do país.