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Com coronavírus, 'prévia do PIB' encolhe 6,28% no primeiro semestre

Do UOL, em São Paulo

14/08/2020 09h13Atualizada em 14/08/2020 12h17

O IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central), considerado uma "prévia" informal do PIB (Produto Interno Bruto), encolheu 6,28% no primeiro semestre, fortemente impactado pelas medidas de combate à pandemia de coronavírus, que reduziram a atividade de diversos setores da economia.

Considerando apenas o segundo trimestre, a queda foi de 10,94%, em relação ao trimestre anterior, segundo dados divulgados hoje pelo Banco Central. Na comparação com o segundo trimestre de 2019, o recuo foi de 12,03%.

O mês de junho até registrou recuperação, com alta de 4,89% em relação a maio. Mas o crescimento ainda não foi suficiente para compensar a queda nos meses anteriores. Na comparação com junho de 2019, o indicador caiu 7,05%.

No acumulado de 12 meses, a prévia do PIB encolheu 2,55%.

O IBGE divulgará os dados oficiais do PIB do segundo trimestre em 1º de setembro.

O IBC-Br mostra que o maior impacto das medidas de contenção da covid-19 foi percebido em março (-6,12% sobre o mês anterior) e abril (-9,62%), meses de perdas recordes. Desde então, a atividade vem indicando melhora na base mensal, com alta em maio de 1,6%.

O índice do BC também mostra que a atividade econômica tem um longo caminho a percorrer para retornar aos níveis de fevereiro, antes das paralisações.

Retomada em 'V'

Conforme as medidas de isolamento foram sendo retiradas nos últimos meses, a atividade econômica brasileira apresentou sinais de retomada, embora ainda inspire cautela, principalmente quanto ao mercado de trabalho.

Os ganhos vêm na esteira de medidas de estímulo, como aumento do crédito, programa de proteção ao emprego e o auxílio emergencial de R$ 600 mensais, bem como à queda dos juros básicos.

"Estamos vendo uma volta rápida da atividade econômica no formato de V, mas não se sabe se vai completar o V, que seria voltar ao mesmo nível que estava antes da crise", disse o economista do Itaú Unibanco Luka Barbosa, antes da divulgação do IBC-Br.

Setor de serviços volta a crescer após 4 meses

Em junho, a produção industrial do Brasil cresceu 8,9% sobre maio, no segundo mês seguido de desempenho positivo, mas ainda não suficiente para compensar as perdas no ápice do isolamento social.

As vendas varejistas avançaram mais do que o esperado em junho frente ao mês anterior, 8%, e retornaram ao nível pré-pandemia de coronavírus. Entretanto, ainda assim tiveram perdas recordes no segundo trimestre.

O setor de serviços, o mais afetado pelo isolamento social, voltou a aumentar em junho depois de quatro meses de quedas diante do afrouxamento das medidas para contenção do coronavírus, com alta de 5% no volume. Mas ainda está distante de retornar aos níveis pré-pandemia, evidenciando a dificuldade de recuperação do setor.

IBC-Br

O indicador do BC é visto pelo mercado como uma antecipação do resultado do PIB. Ele é divulgado mensalmente pelo Banco Central, enquanto o PIB é divulgado a cada três meses pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O IBC-Br serve de base para investidores e empresas adotarem medidas de curto prazo. Porém, não necessariamente reflete o resultado anual do PIB e, em algumas vezes, distancia-se bastante.

O indicador do BC leva em conta a trajetória das variáveis consideradas como bons indicadores para o desempenho dos setores da economia (agropecuária, indústria e serviços).

A estimativa incorpora a produção estimada para os três setores, acrescida dos impostos sobre produtos. O PIB calculado pelo IBGE é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país durante certo período.