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Leilões têm peças de bar e hotel falidos na pandemia; desconto chega a 90%

Rogério Bastos, do Rio, comprou taças de cristal em um leilão de espólio do restaurante O Navegador - Acervo pessoal
Rogério Bastos, do Rio, comprou taças de cristal em um leilão de espólio do restaurante O Navegador Imagem: Acervo pessoal

Claudia Varella

Colaboração para o UOL, em São Paulo

13/09/2020 04h00

Quer comprar mobiliário, utensílios e itens de decoração de bares, restaurantes e hotéis que fecharam durante a pandemia? Leilões virtuais deste tipo chegam a ter desconto de até 90% no preço, segundo a Sold Leilões, especialista em desativações de restaurantes, bares, hotéis e casas de festas.

Rogério Bastos, do Rio de Janeiro, aproveitou um desses leilões e comprou 12 taças de vinho de cristal para uso pessoal. Ele arrematou as peças em um leilão virtual da Leilões BR e pagou R$ 220. As taças eram do espólio do restaurante O Navegador, no Rio, que fechou as portas durante a pandemia.

Segundo Bastos, o preço estava 50% abaixo do valor do mercado. "Preço baixo e boa oportunidade foram os motivos", disse. Mesmo participando de leilões de bares e restaurantes, Bastos diz preferir os leilões de joias e itens residenciais, nos quais já comprou quadros e vasos. "Tenho o hábito de participar desse tipo de leilões há dez anos. Considero os melhores, pois têm de tudo".

Aumento de 367% em leilões na pandemia

Entre março e agosto deste ano, a Sold Leilões registrou um aumento de 367% no número de leilões de peças de bares, restaurantes, hotéis e casas de festas que fecharam durante a pandemia, comparado ao mesmo período do ano passado. Foram 42 leilões este ano, contra nove em 2019.

Entre os que fecharam e venderam os espólios em leilões, estão o bar Seu Bezerra e a lanchonete Wendys, em São Paulo, e os restaurantes Galo de Barcellos, em Taubaté (SP), e Fellini e Angu do Gomes, no Rio.

Henri Zylberstajn, CEO da Sold Leilões, diz que cerca de 90% dos arrematantes dos leilões de bares, restaurantes e hotéis são pessoas jurídicas ou empresários que aproveitam o preço para expansão, novos negócios ou renovação de maquinário, por exemplo.

Nos leilões de bares e restaurantes, as principais peças ofertadas são itens de cozinhas industriais (fogões, coifas, refrigeradores, balcões refrigerados, vitrines, eletrodomésticos, utensílios, enfeites e móveis). Nos hotéis, há desde itens de cozinha e bar até os de quartos, academias, piscina e áreas administrativas.

Neste ano, foram mais de 100 mil itens colocados à venda em leilões, sendo 95% desse total vendido. Segundo a Sold, os descontos podem chegar até 90%, e o pagamento dos lances deve ser feito à vista. Se arrematar algum lote, o item pode ser retirado em cinco dias após a compra.

"O processo de um leilão é transparente, qualquer pessoa pode participar, de qualquer lugar do país e visitar os lotes mediante agendamento e respeitando as medidas de segurança", disse Zylberstajn.

Para participar, basta se cadastrar no site da Sold Leilões, solicitar habilitação, ficar atento às condições do edital e ofertar os lances.

Casa de bonecas para calopsita e copos de caipirinha

Casa de boneca comprada por Bertolino José, do Rio, num leilão em 2016, para a sua calopsita - Acervo pessoal - Acervo pessoal
Casa de boneca comprada por Bertolino José, do Rio, num leilão em 2016, para a sua calopsita
Imagem: Acervo pessoal

Bertolino José, do Rio, é outro que também participa de leilões para comprar peças mais em conta. Num dos leilões de bares e restaurantes neste ano, ele arrematou um conjunto de 30 copos de caipirinha por R$ 280 (30% de desconto, segundo ele). "Comprei para uso, estava barato."

José diz ser frequentador assíduo de leilões de arte e antiguidades e de joias, desde 2015. Segundo ele, em média, é possível comprar peças com descontos de 30% a 40%.

"Prefiro os leilões de artes e antiguidades, mas nos residenciais também se conseguem boas oportunidades. São famílias que vão se mudar para outro estado ou país e preferem se desfazer de praticamente tudo", disse.

Segundo ele, o item mais interessante que comprou foi uma casa de bonecas para a sua calopsita, no leilão da Leilão Capadócia, em 2016. Pagou R$ 78. "Chamaram minha atenção a perfeição do estado da peça e o fato de servir como refúgio de minha calopsita", disse José, que doou a casa de bonecas após a morte do pássaro.