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Ministro reconhece erro em dado sobre queimadas, mas critica mídia

Do UOL, em São Paulo

29/09/2020 14h05Atualizada em 29/09/2020 18h16

O ministro das Comunicações, Fábio Faria (PSD-RN), afirmou ao UOL Entrevista que o governo errou ao divulgar informações imprecisas sobre as queimadas no Brasil em 2020. No último sábado (26), o perfil oficial da Secretaria Especial da Comunicação Social da Presidência da República (Secom), subordinada à pasta, publicou no Twitter que a área queimada em todo o território nacional em 2020 é a menor dos últimos 18 anos. Faria e outros ministros compartilharam a publicação.

A informação é incorreta, porque compara dados relativos apenas ao acumulado de janeiro a agosto de 2020 a dados em 12 meses de anos anteriores. A postagem foi feita em meio a pressões internas e externas devido ao avanço das queimadas no Pantanal e na Amazônia.

Mesmo reconhecendo o erro, o ministro defendeu a publicação da secretaria e criticou a imprensa por ter publicado reportagens a respeito.

Teve um erro no Twitter. O ano de 2020 ainda não terminou, obviamente, estamos entrando no mês de outubro, ainda temos três meses. Mas, se olhar a fotografia, é um ano que, provavelmente, terá um dos menores índices de queimadas.
Fábio Faria, ministro das Comunicações

"Não era interessante mostrar a fotografia? A gente pode chegar em 31 de dezembro com essa afirmativa, pode ser correta. Apesar de o ano não ter acabado, temos um dos anos com a perspectiva de menores índices de queimadas, como mostra a fotografia. Essa é a notícia real", disse o ministro aos colunistas Carla Araújo e Mauricio Stycer.

Se a Secom tivesse comparado os oito primeiros meses deste ano com o mesmo período de anos anteriores, o número de 2019, primeiro da gestão Bolsonaro, seria o maior.

Ainda assim, nesse caso, o governo teria que informar que 2020 teve mais área queimada que os anos de 2008, 2009, 2011, 2013, 2014, 2015, 2017 e 2018.

Imprensa procura "pelo em ovo"

Para o ministro, a imprensa ficou procurando "pelo em ovo" no episódio. "Concordo que tem que buscar pelo em ovo, mas quando a gente (governo) busca, a gente é acusado. Enquanto tiver pelo em ovo, terá dos dois lados. Enquanto tiver pelo em ovo, teremos intolerância dos dois lados. A autocrítica tem que ser de todos", afirmou.

Para o ministro, a imprensa é pautada apenas por notícias negativas, e é papel do governo é trabalhar para que haja menos noticiário negativo.

"Vocês adoravam aquele cercadinho porque ficavam o dia inteiro repercutindo aquilo", disse o ministro, em referência à saída do Alvorada, onde a imprensa costumava aguardar declarações do presidente e frequentemente era hostilizada por apoiadores de Bolsonaro e pelo próprio presidente.

"O presidente falou duas palavras [no cercadinho], aí ligavam para o deputado do PT [para perguntar o que ele] acha da palavra do presidente. Ali enchiam a pauta. Muitas vezes, o presidente estava com entregas importantes, como quando estava levando águas do São Francisco para o Ceará. Mas a imprensa estava falando o quê? Que o presidente tinha falado duas palavras na saída do Alvorada. Ali [a imprensa] fazia com que se diminuísse a percepção nas entregas do governo", disse o ministro.

Para ele, a imprensa está sendo negativa para o país e deveria noticiar mais o que ele chama da "realizações do governo". "É importante que o país acompanhe, coloque na pauta central dele as realizações do governo, o que o governo tem feito", disse. "A economia do Brasil voltando em V. É importante que a gente foque no mais importante", afirmou o ministro.

Publicidade

Fábio também comentou sobre a publicidade do governo. Segundo ele, a gestão Bolsonaro escolhe em quais meios de comunicação anuncia suas campanhas publicitárias com base em decisões de mercado.

Ele negou que a escolha das emissoras e jornais que veicularão campanhas oficiais tenha relação com o seu alinhamento político, por exemplo.

Correios e EBC

O ministro disse que nenhuma empresa formalizou interesse em comprar os Correios até o momento. Há cerca de duas semanas, ele afirmou que havia cinco empresas interessadas, como FedEx e Magazine Luiza.

Hoje, porém, ele disse que não foi procurado pelas empresas e que a declaração na época reflete uma avaliação sua de quais empresas seriam atraídas pela privatização da estatal.

Sobre a EBC (Empresa Brasil de Comunicação), Faria afirmou que a estatal é deficitária e, por isso, não haveria interessados em uma possível privatização. Por isso, o plano é enxugar a companhia.

Reforma tributária depois das eleições

Faria disse que a reforma tributária deve voltar a ser discutida apenas após as eleições municipais. Segundo ele, a discussão, que poderia gerar um novo tributo nos moldes da extinta CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), não tem maioria no Congresso para ser pautada antes do pleito de novembro.

"A maioria dos deputados e senadores estava na base, participando do processo eleitoral, e preferiu voltar [à discussão] após a eleição. A decisão foi com base no feedback dos líderes em relação aos deputados", disse Faria na entrevista ao UOL.

Futebol: lei do mandante deve caducar

O ministro das Comunicações também falou sobre a Lei do Mandante (Medida Provisória 984), que permite ao clube de futebol mandante do jogo ter direito exclusivo de negociação da transmissão. Na sua avaliação, a MP deve perder validade no Congresso. Atualmente, a medida fica em vigor até o fim do mês que vem.

Na entrevista ao UOL, Faria ressaltou que o tema não é diretamente vinculado à sua pasta, mas disse que, "sabendo como funciona o Congresso, há uma sinalização no sentido de a lei tornar-se obsoleta".