Logo Pagbenk Seu dinheiro rende mais
Topo

Saque de R$ 38 mi na boca do caixa passou batido por BC, diz procurador

Operação Descarte teve duas fases deflagradas hoje pela Polícia Federal - Polícia Federal/Divulgação
Operação Descarte teve duas fases deflagradas hoje pela Polícia Federal Imagem: Polícia Federal/Divulgação

Do UOL, em São Paulo

29/10/2020 22h25

Um suposto esquema de sonegação e lavagem de dinheiro que movimentou R$ 100 milhões foi alvo de duas ações deflagradas na manhã de hoje pela Polícia Federal. As investigações envolvem a estatal Ceitec (Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada) e o Banco BMG.

Segundo procurador da República, Vicente Mandetta, um dos suspeitos chegou a sacar R$ 38 mil na boca do caixa.

"Identificamos diversos pagamentos fictícios que totalizam R$ 100 milhões [distribuídos] a diversas empresas e operadores. Um deles, recebeu R$ 60 milhões e posteriormente sacou mais de R$ 38 milhões da boca do caixa", relatou ele nesta tarde em entrevista à Globonews.

Segundo a Receita Federal, uma instituição é investigada por ter contratado organização criminosa para fornecer equipamentos eletrônicos sucateados; os itens serviriam para "dar aparência de legalidade à operação", enquanto a organização descontava a comissão e entregava o valor restante em espécie à diretores do grupo. O esquema ocorreu entre 2014 e 2016.

Parte do valor teria sido desviada para pagamento de propina a agentes políticos. Além disso, várias empresas do grupo teriam feito pagamentos milionários por serviços nunca prestados: uma delas, ainda segundo a investigação, sacou R$ 38 milhões em espécie e de forma fracionada.

"Neste caso, nos chamou muita atenção o volume da operação [de R$ 38 milhões] ter passado desapercebido pelo Banco Central. Vamos entrar em contato para verificar a possibilidade de atuação conjunta, além de instauração de procedimento no BC para apurar a situação", observou o procurador.

Também são investigadas vendas supostamente superfaturadas realizadas por um empresário do setor de componentes eletrônicos à Ceitec. Para realizar tais vendas, esse empresário teria se utilizado de empresas fantasmas entre 2011 e 2016.

Os auditores apontam R$ 8,2 milhões em notas fiscais fraudulentas, valor que teria sido pago a um escritório de advocacia especializado em lavagem de dinheiro.

As operações

As duas ações realizadas hoje, batizadas Silício e Macchiato, são fases da Operação Descarte. Ao todo, foram 29 mandados de busca e apreensão nas cidades de São Paulo, Santana de Parnaíba, Vargem Grande Paulista, Jaguariúna (SP), Belo Horizonte, Nova Lima, Machado (MG), Rio de Janeiro (RJ) e Porto Alegre (RS).

Ceitec diz colaborar com autoridades

"Em relação às informações apresentadas pela Polícia Federal na coletiva de imprensa, sobre as constatações dos relatórios da CGU [Controladoria-Geral da União] referentes a 2016, a administração, à época, adotou medidas administrativas e judiciais cabíveis, tão logo tomou conhecimento das informações. Ressalta-se que o Ceitec S.A. está colaborando com as operações em curso para esclarecimento dos fatos apontados pelos órgãos federais de defesa do Estado", diz a estatal em nota.

A instituição é vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações.

* Com informações da Agência Brasil e da Agência Estado