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Mais de R$ 1.000 por mês: após apagão, amapaenses reclamam da conta de luz

Conta de luz do amapaense Felipe Welister Cruz Brasil - Reprodução
Conta de luz do amapaense Felipe Welister Cruz Brasil Imagem: Reprodução

Gabriel Dias

Colaboração para o UOL, em Macapá

13/11/2020 17h35

Após o apagão no Amapá e em meio a um rodízio no fornecimento de energia no estado, moradores começaram a divulgar na internet fotos de contas de luz antigas, com cobranças de até R$ 1.400 por mês.

O preço da tarifa de energia da CEA (Companhia de Eletricidade do Amapá), está em 39º lugar em um ranking de 104 empresas no país, segundo a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). A lista leva em conta só o custo da energia e não inclui impostos. De acordo com um especialista em setor energético da região, o consumo de energia no estado é muito mais alto que a média, sobretudo devido ao clima quente no local.

O arquiteto Felipe Welister Cruz Brasil, 25, mora com os avós e conta que paga, em média, R$ 1.000 mensais na conta de luz.

"Usamos dois aparelhos de ar condicionado. Um deles fica no quarto dos meus avós e só fica ligado à noite. O outro fica no meu quarto, e eu ligo por pelo menos umas três horas durante o período da tarde e à noite. De dia nenhuma luz é ligada, porque a casa é de vidro, e a gente aproveita luz natural. Quando chega a noite, ligamos algumas e todas são de led", diz.

Dívida de quase R$ 17 mil

A jornalista Núbia Pacheco, 28, conta que sua família tem uma dívida de quase R$ 17 mil com a CEA (Companhia de Eletricidade do Amapá), porque não consegue pagar a conta de luz. Moradora de uma região periférica do bairro Jardim Marco Zero, zona sul de Macapá, ela diz que a conta chegava a R$ 1.000 por mês.

"Meu pai é pedreiro e minha mãe é dona de casa, eles não têm uma renda fixa. A gente até tentou pagar, mas não conseguiu, porque o que a gente ganhava acaba indo só para pagar energia, e a gente precisa comer. Aí [as contas] foram acumulando, e hoje em dia piorou", disse. Para ela, o valor da conta não faz sentido porque a casa não tinha ar condicionado nem freezer.

Família de Núbia Pacheco tem dívida de quase R$ 17 mil com a CEA - Reprodução - Reprodução
Família de Núbia Pacheco tem dívida de quase R$ 17 mil com a CEA
Imagem: Reprodução

Consumo de energia é mais alto, diz especialista

O ex-diretor de gestão Eletronorte, Lourival Freitas, que é especialista do setor energético na região Norte, explica que o Amapá não está entre os estados com tarifas de energia mais caras do Brasil. Ele afirma que as contas são altas porque o consumo de energia é maior, como consequência das altas temperaturas durante o ano inteiro, de 34º, em média.

"O que ocorre em nosso estado é uma questão climática, que obriga as pessoas a fazer uso contínuo de ar condicionado, consumidor de uma carga muito elevada de energia. A questão é fazer uso racional desse equipamento", diz. "Para se ter uma ideia, quando estou em Brasília, minha casa usa em média 130 quilowatts por mês, enquanto o amapaense consome até 600 quilowatts por mês."

Empresa diz que tarifa é definida pela Aneel

Procurada pelo UOL, a CEA informou que quem define o valor da tarifa a ser cobrado pelas empresas de distribuição é a Aneel.

"Conforme preconiza a Aneel, a tarifa deve assegurar à distribuidora receita suficiente para cobrir custos operacionais eficientes e remunerar investimentos necessários para expandir a capacidade e garantir o atendimento com qualidade. A CEA é responsável apenas pela distribuição de energia, porém, na tarifa estão incluídos os custos de geração e transmissão, além dos impostos e encargos", explicou.

A CEA afirmou que no ano passado houve uma redução de 5,24% na tarifa da classe residencial, que representa cerca de 80% das unidades consumidoras.

A companhia também disse que valores eventualmente mais altos a partir de agosto estão associados ao aumento do consumo de energia de março a junho.

Em março, a CEA suspendeu os serviços de campo por causa da pandemia de coronavírus e passou a cobrar os consumidores a partir da média de consumo.

As medições em campo voltaram em agosto e, segundo a CEA, consumidores que foram faturados pela média podem ter consumido mais que a média e a diferença estar sendo cobrada agora.