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Troca de comando na Petrobras criou 'bolha histérica', diz Arthur Lira

8.fev.2021 - O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira - Wallace Martins/Futura Press/Estadão Conteúdo
8.fev.2021 - O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira Imagem: Wallace Martins/Futura Press/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

23/02/2021 11h48Atualizada em 23/02/2021 13h24

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou hoje que a troca de comando na Petrobras criou uma "bolha histérica" em torno de uma suposta intervenção do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na companhia.

"Isso criou um clima que, para mim, é uma bolha histérica. (...) Será que o presidente da Petrobras era o único que poderia ter a forma do cálculo ideal de como é feita a conta do combustível, do óleo, da gasolina? Não, e não há nenhuma previsão de ingerência", afirmou Lira em entrevista por videoconferência ao jornal "Valor Econômico".

Ontem, as ações da Petrobras fecharam em queda de mais de 20% na Bolsa de Valores, após Bolsonaro indicar o general Joaquim Silva e Luna para o cargo de presidente e conselheiro da empresa, em substituição a Roberto Castello Branco.

A troca no comando da empresa gerou preocupações no mercado de que o governo estaria tentando intervir na política de preços da Petrobras, que já foi alvo de críticas de Bolsonaro, e de um eventual abandono da agenda liberal na economia.

Segundo Lira, o mercado criou uma crise desnecessária, já que é atribuição de Bolsonaro indicar o presidente da Petrobras.

"São decisões administrativas pertinentes ao Presidente da República, que eu não sei se foi de maneira correta, de maneira errada, mas é atribuição dele", afirmou.

Para o presidente da Câmara, a discussão em torno da troca de comando na estatal acaba ofuscando outras discussões importantes no cenário econômico, como as reformas administrativa e tributária, e a autonomia do Banco Central, projeto que figurava na pauta do Congresso há 30 anos.

"O Brasil precisa parar com esses tipos de situações (...) Os fatos que estão acontecendo no Senado na Câmara do Brasil precisam ser tratados de maneira mais mais afável até para todos nós sabermos que o caminho certo é esse, porque se o caminho for 'eu acho aquilo', 'eu penso aquilo outro', nós passamos de momento em momento na especulação, o que é muito ruim para o país", declarou.

Auxílio emergencial

Questionado sobre qual seria o valor do auxílio emergencial —se R$ 250 ou R$ 300— que deve ser recriado pelo, Lira evitou cravar um número. Ele afirmou que esse discurso ainda precisa ser afinado com o governo, que é quem "vai pagar a conta".

"A gente tem de afinar o discurso com quem paga a conta. Nós todos sabemos que é necessário agora", afirmou.

Ainda sobre o auxílio, Lira disse que defende a criação de um programa de transferência de renda mais inclusivo do que o Bolsa Família, que, segundo ele "aprisiona o cidadão" por não permitir que ele volte a receber o benefício se conseguir um emprego e depois for demitido.

"O sistema de transferência de renda do Bolsa Família é um sistema que aprisiona o cidadão que recebe, porque ele não pode se aventurar a ter um emprego formal porque senão ele não volta para o programa, e o cara não arrisca ganhar um salário mínimo para perder R$ 190 que pode ser a subsistência de alimento da sua família", afirmou.

Impeachment

Ao ser questionado se iria analisar algum dos pedidos de impeachment contra Bolsonaro que já foram protocolados na Câmara ainda sob o comando de Rodrigo Maia (DEM-RJ), Lira afirmou que a decisão de aceitar ou não a abertura de algum desses processos caberia a Maia, não a ele.

Além disso, Lira declarou que não vê clima para a abertura de um processo de impeachment e que isso deve ser tratado como uma "medida extrema".

"Não vejo clima, é uma medida extrema, de ruptura política, que temos de tratar como questões esporádicas e fora de qualquer parâmetro. Sequer tive tempo de olhar para isso porque não é nossa prioridade", afirmou.