Boletos vão deixar de existir porque os jovens digitais não ligam mais?
Para a geração Z (de nascidos entre 1996 e 2003), pagar boletos é "cringe". Traduzindo, o documento impresso com código de barras é visto como ultrapassado, fora de moda, brega e por aí vai. Mas será que ele vai desaparecer em breve? Há opiniões divergentes.
De um lado, dados do Banco Central dão um exemplo da força do digital: em abril, o Pix superou a quantidade de transações feitas por Ted, DOC, cheque e boletos somados. Mesmo assim, a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) afirma que o boleto "continua sendo um importante meio de pagamento", e que não há perspectiva de que ele deixe de existir ou caia em desuso.
Para alguns, processo será gradual
Ainda segundo a Febraban, cerca de 6 bilhões de boletos são pagos anualmente no Brasil. "Muitos pagadores de boletos ainda não estão no processo digital, que permite a utilização de outros meios eletrônicos", diz a entidade.
Felipe Cozer, analista de educação financeira do PagBank, afirma que existe a tendência de que os boletos caiam em desuso, mas que isso deve levar tempo. Ele cita como exemplo o talão de cheques: ainda hoje existem pessoas que usam as folhas de papel para fazer pagamentos.
No Brasil, ainda há muitas transações com dinheiro. Existe esse conflito de gerações, mas deve demorar algum tempo para que os boletos saiam de circulação.
Felipe Cozer
Para outros, há data para o fim
Pablo Alencar, head da Valor Capital, afirma que os boletos têm prazo de validade: daqui a 20 anos eles devem deixar de existir, por causa da mudança de gerações.
Segundo ele, o fenômeno deve ser em parte um efeito da pandemia, que acelerou a digitalização . No final de 2020, uma pesquisa da Febraban feita com o Ipespe (Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas) apontou que 84% dos brasileiros tinham acesso a bancos.
De acordo com o levantamento, 60% das pessoas passaram a utilizar mais os canais digitais por causa da pandemia. Um dos impulsos foi o pagamento do auxílio emergencial, que acabou fazendo com que brasileiros abrissem suas primeiras contas em banco.
Vai chegar um momento em que a tecnologia vai matar o boleto - e não só ele, o dinheiro físico também.
Pablo Alencar
Adaptação no planejamento financeiro
Já existem mecanismos digitais que funcionam como boletos, como o pagamento recorrente no cartão de crédito. As transformações devem fazer com que as pessoas aprendam novas maneiras de gerir o dinheiro.
Alencar afirma que, para alguns, os boletos têm uma função de controle financeiro: ter o documento em mãos ajuda a pessoa a entender que aquela conta existe e precisa ser paga.
Cristina Cardoso, especialista da Veedha Investimentos, diz que, em alguns casos, as pessoas são orientadas a sacar o dinheiro do salário e separá-lo em envelopes, por exemplo, para ter um melhor controle dos gastos.
Talvez para algumas gerações, que já nasceram com o cartão e o dinheiro digital, a educação financeira já vai ser diferente. De qualquer forma, vai ter de haver um controle, porque a matemática continua a mesma.
Cristina Cardoso
E, com boletos ou não, uma coisa não muda: as contas não deixarão de existir.
Enquanto houver vida, elas estarão aí. Ser adulto é ter conta para pagar.
Cristina Cardoso
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