Bolsonaro sobre controle da inflação: 'Sou um zero à esquerda na economia'
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou ontem, em entrevista à Jovem Pan, ser um "zero à esquerda" em economia e que deposita sua confiança no presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, quando o assunto é o controle da inflação.
"Inflação é com o Banco Central independente. Eu converso uma vez por semana com o Roberto Campos, pelo menos. Eu sou um zero à esquerda na economia (...) O remédio para combater a inflação não pode ser só aumentar a taxa de juros. Se não, qualquer um poderia ocupar o Banco Central. Agora, ele sabe o que tem que fazer, tenho extrema confiança no Roberto Campos. Se não tivesse, não teria enviado o projeto para a independência do Banco Central", disse o mandatário.
Durante evento da Caixa Econômica Federal, ontem, Bolsonaro voltou a dizer que não gostaria de ver a gasolina e o dólar nos níveis atuais, mas ressaltou que não resolve tudo sozinho. "Alguém acha que eu não queria gasolina a R$ 4 ou menos? O dólar a R$ 4,50 ou menos? Não é maldade da nossa parte, é a realidade", disse o presidente. "Tem um ditado que diz "nada está tão ruim que não possa piorar". Não queremos isso", acrescentou.
O IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor - Amplo 15), considerado uma prévia da inflação oficial (IPCA), acelerou a 1,14% em setembro. O índice acumula alta de 7,02% no ano e de 10,05% em 12 meses.
Em discurso hoje no seu primeiro evento na série de viagens que fará ao longo da semana que marca os 1000 dias de seu governo, Bolsonaro voltou a dizer que a inflação é culpa da pandemia e ainda citou a seca e geadas como responsáveis pelo aumento dos preços da energia e dos alimentos. Ele ainda criticou governadores pelas medidas de restrição adotadas para controle do novo coronavírus.
Apoio a Guedes e risco de apagão
Durante a entrevista à Jovem Pan, o presidente declarou ainda que passou por uma transformação ao longo da carreira política. Ele admite que, por sua formação militar, defendia a manutenção de estatais no governo federal, mas agora apoia a política de privatizações do ministro da Economia, Paulo Guedes. Entretanto, citou a Casa da Moeda e a Caixa como instituições que não podem ser cedidas à iniciativa privada.
Bolsonaro afirmou também que não é possível garantir que o país não passará por um apagão de energia nos próximos meses, apesar de estudos do governo apontarem que o fornecimento regular estará garantido.
Ele voltou a pedir que a população "apague um ponto de luz", disse que toma banho frio e que mandou desligar o aquecimento da piscina do Palácio da Alvorada. O aumento da energia é uma das causas do aumento da inflação.
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