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Caminhoneiros criticam ministro: 'confessou que quer acabar com autônomos'

O ministro da infraestrurura, Tarcísio de Freitas - Bruno Santos/ Folhapress
O ministro da infraestrurura, Tarcísio de Freitas Imagem: Bruno Santos/ Folhapress

Vinícius de Oliveira

Colaboração para o UOL, em São Paulo

28/10/2021 18h50

As recentes declarações do ministro da Infraestrutura não foram bem recebidas pelas lideranças dos caminhoneiros nesta quinta-feira (28). Tarcísio de Freitas disse ao UOL que a categoria precisa se reinventar, trabalhar em empresas e repassar para o frete o aumento no preço do diesel.

Carlos Alberto Litti Dahmer, diretor da CNTTL (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística), disse que "em qualquer lugar do mundo, o papel de um ministro de Estado é um papel moderador, regulador da balança, com toda isonomia que essa atividade tem que dar. Jamais deve forçar para acabar com uma categoria", disse.

O papel de estadista é exatamente outro. É dar condição para aquele que está morrendo se salvar. E não encorajar o suicídio. Isso não é papel de ministro, de estadista nem de governo.
Carlos Alberto Litti Dahmer, diretor da CNTTL

José Roberto Stringasci, da ANTB (Associação Nacional de Transporte no Brasil), disse que as falas do ministro revelam que ele trabalha apenas para as empresas do setor. "Ele é um excelente profissional na área dele para baratear o custo do transporte e da logística, mas trabalha para beneficiar os grandes. O autônomo não existe para ele", disse.

Segundo Stringasci, a categoria não tem independência suficiente para negociar o preço do frete. "O autônomo não tem condições de botar preço no frete dele, porque ele está ligado a uma transportadora. A transportadora fecha um contrato, passa para o autônomo e coloca o preço que ela acha que tem que pagar", explicou.

Se ele falar que não vai carregar, tem carro das transportadoras, que carrega. Então fica muito difícil. O objetivo deles [do governo] é acabar com os autônomos, que haja apenas CNPJ e grandes empresas. Porque aí a mão de obra vai ser 'escravizada'.
José Roberto Stringasci, da ANTB

Líder dos caminhoneiros em Recife, Marconi França disse que as declarações motivaram ainda mais os caminhoneiros autônomos a aderirem à paralisação prevista para 1º de novembro

Essa fala do Tarcísio só colocou mais ódio no coração dos caminhoneiros autônomos. Literalmente, ele confessou que quer acabar com a categoria. Mas não vai conseguir. Juntos, somos mais fortes que qualquer governo.
Marconi França, líder dos caminhoneiros em Recife

O UOL perguntou se o Ministério da Infraestrutura gostaria de se manifestar sobre as críticas, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.