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Joice se diz 'assustada' com votos do PSDB a favor da PEC dos Precatórios

Do UOL, em São Paulo

04/11/2021 13h51Atualizada em 04/11/2021 14h45

A deputada federal Joice Hasselmann (SP), que está em processo de filiação ao PSDB, disse estar "bastante assustada e entristecida" com o número de parlamentares do partido que votaram, na madrugada de hoje, na Câmara, a favor da PEC dos Precatórios.

"Espero que meus colegas mudem de ideia. Estou tentando fazer isso no tête-à-tête", afirmou Joice ao UOL News, programa do Canal UOL. "Quem não quiser estar no PSDB como oposição, pode usar a janela partidária (período para troca de partido em ano eleitoral)", pontuou.

Ainda assim, Joice enalteceu o diretório do PSDB em SP. Nenhum deputado federal paulista filiado ao partido — seis, no total — votou a favor da PEC dos Precatórios, tendo sido as exceções na legenda. "O PSDB de São Paulo tem cabeça diferente", afirmou.

A liderança tucana na Câmara orientou o voto a favor da PEC. 22 deputados federais seguiram a orientação, e três se abstiveram. Joice, que ainda consta como filiada ao PSL, embora já tenha participado de um ato simbólico de filiação ao PSDB, votou pelo não.

O texto-base da Proposta de Emenda à Constituição que adia o pagamento de precatórios — dívidas judiciais do governo com pessoas físicas e empresas — foi aprovado em primeiro turno na Câmara — o segundo turno da votação deve ocorrer na próxima terça-feira (9).

Prevendo mudanças no cálculo do teto de gastos — política que visa manter o equilíbrio entre receitas e despesas do governo — e adiamentos no pagamento de precatórios, a PEC abre um espaço fiscal de mais de R$ 90 bilhões para o governo gastar em 2022.

Bilhões sem destino

O governo federal coloca a aprovação da PEC dos Precatórios como essencial para viabilizar fiscalmente os R$ 400 temporários do Auxílio Brasil, que reformula o Bolsa Família, em 2022, ano eleitoral.

Cerca de R$ 50 bilhões devem ser destinados para o Auxílio Brasil, que já conta com R$ 34 bilhões. Outros bilhões seriam destinados para reajustes de benefícios e a outras áreas do orçamento federal — mas R$ 10 bilhões ainda ficariam sobrando, sem destinação certa.

Os R$ 10 bilhões sem vinculação são criticados por parlamentares da oposição, que afirmam que os valores podem acabar nas chamadas "emendas de relator", abrindo portas para a "gastança" de deputados.

Ao UOL News, Joice afirmou que muitos deputados de oposição votaram a favor da PEC dos Precatórios fizeram isso pensando nas emendas, que possibilitariam a realização de obras e ações em zonas em que eles devem buscam votos em 2022.

"O parlamentar não precisa se submeter a isso", disse Joice, chamando a postura de "acadelamento". "É algo inacreditável. E, para alguns partidos, mais inacreditável ainda", afirmou, fazendo referência também ao PDT, partido em que a liderança igualmente orientou voto a favor.