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Brasil é 1º país a aprovar uso de trigo transgênico; setor teme rejeição

Trigo:  o país passa a ser o primeiro a aprovar a utilização de trigo transgênico no mundo - Lyu Yaoguang/Xinhua
Trigo: o país passa a ser o primeiro a aprovar a utilização de trigo transgênico no mundo Imagem: Lyu Yaoguang/Xinhua

Viviane Taguchi

Colaboração para o UOL, em São Paulo

13/11/2021 04h00

A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou na quinta-feira (11) a utilização de farinha de trigo transgênico no Brasil, a partir de uma solicitação feita por uma empresa argentina. Com a decisão, o país passa a ser o primeiro a aprovar a utilização de trigo transgênico no mundo.

Em nota, a Associação Brasileira das Indústrias de Trigo (Abitrigo), afirmou que a decisão é carregada de incertezas para o mercado e a comunidade internacional, que rejeita a utilização de trigo transgênico há mais de 20 anos.

De acordo com a entidade, a aprovação foi tomada com base em critérios que incidem na segurança, sem maiores estudos sobre as condições de mercado e de comportamento do consumidor. Ainda que o grão venha da Argentina, seu uso não é aprovado por lá.

O trigo transgênico desenvolvido na Argentina (HB4) é resistente ao glufosinato de amônio, um herbicida considerado perigoso para o consumo humano. No Brasil, o seu uso ainda é permitido, mas ele é proibido nos países europeus.

Usado em lavouras de cana-de-açúcar, soja, feijão e milho para combater o avanço de plantas daninhas, que competem com a cultura agrícola pela busca de nutrientes, o produto age sobre os aminoácidos que compõem as células das plantas, e o acúmulo de amônia destrói as membranas das plantas e impede a fotossíntese, fazendo a planta morrer.

Para a Abitrigo, seria necessário que, no processo de análise, o desejo do consumidor brasileiro de comer o produto transgênico fosse levado em consideração, bem como as consequências para a cadeia do trigo no Brasil. Países que compram produtos brasileiros feitos com trigo podem suspender as importações caso seja usado o grão transgênico.

"Não pode ser ignorado um eventual impacto sobre as exportações brasileiras de produtos derivados (massas, biscoitos e pães) e desmembramentos imprevisíveis sobre a imagem do agronegócio", diz a nota.

A associação afirmou que, conforme prevê a legislação, solicitará à Casa Civil da Presidência da República a convocação imediata do Comitê Nacional de Biossegurança, para que seja analisada, de forma mais abrangente, as implicações da presença de trigo transgênico da Argentina no mercado brasileiro.

A nota diz ainda que a Abitrigo analisará a tomada de uma medida cautelar para suspender a implementação da decisão da CTNBio até o pronunciamento do Comitê Nacional de Biossegurança.