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Governo não é 'inocente' no resultado do PIB, diz ex-ministro da Fazenda

Do UOL, em São Paulo

02/12/2021 14h56Atualizada em 02/12/2021 18h11

Para Maílson da Nóbrega, ex-ministro da Fazenda do governo José Sarney (MDB), há problemas estruturais que explicam a queda de 0,1% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro no terceiro trimestre, mas o governo não tem "inocência" no resultado negativo.

"Ele (governo) tem causado uma depreciação do real (em relação ao dólar) maior do que deveria, e isso decorre dos riscos percebidos pelos investidores da instabilidade do presidente Bolsonaro", disse o ex-ministro ao UOL News, programa do Canal UOL.

O economista citou, como exemplo, o fato do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fazer "declarações desastradas" e "ataques às instituições" — como os que ocorreram nos atos bolsonaristas de 7 de setembro. "O governo não é inocente nesse caso", declarou.

Nóbrega também citou o apoio do governo à PEC dos Precatórios, que adia o pagamento de dívidas judiciais que o governo tem com pessoas físicas e empresas e abre espaço fiscal para o pagamento dos R$ 400 do Auxílio Brasil.

Para o ex-ministro da Fazenda, é justo que críticos apelidem a Proposta de Emenda à Constituição de "PEC do Calote". "É a pior PEC da história, com impacto sério no campo fiscal e na seriedade do governo", pontuou o economista.

O Senado aprovou hoje em primeiro turno o texto da PEC, por 64 votos favoráveis a 3 contrários, com duas abstenções no Plenário. Agora, resta a aprovação em segundo turno.

Ainda assim, para além de fatores governamentais que, na avaliação do economista, pesam para o resultado negativo do PIB, também há questões mais estruturais que impactam no índice, como a baixa produtividade do trabalhador médio brasileiro, disse.

Para ele, a indústria também sofre com "problemas estruturais sérios", e o PIB só não está pior por causa da recessão ocorrida no ano passado (queda de 4,1%), ano da deflagração da pandemia, já que está ocorrendo um "preenchimento da capacidade ociosa".

"Esse resultado mostra o estado lamentável da economia brasileira nos últimos anos", afirmou, falando em "desempenho medíocre" do PIB.