Investimento previsto em infraestrutura cresce 40%, mas ainda é pouco
Resumo da notícia
- Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base: investimentos em transportes, logística e saneamento até 2026 vão somar R$ 160,1 bilhões
- Levantamento feito em 2020 apontava investimento menor, de R$ 113,9 bilhões até 2025
- Novas regras e leilões de concessões são responsáveis por melhora de estimativas, diz entidade
- Mas Brasil ainda precisa elevar em 2,5 vezes aportes em saneamento e em 7 vezes gastos com transportes e logística
O total estimado de investimentos em infraestrutura no Brasil nos próximos cinco anos cresceu 40%, indo de R$ 113,9 bilhões para R$ 160,1 bilhões. Os dados estão no Livro Azul, da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib). O crescimento na estimativa aconteceu neste ano em relação ao ano passado. Apesar da alta, o setor avalia que os gastos não são suficientes para acabar com os gargalos que afetam a economia do país.
A cada ano, a associação estima os investimentos dos próximos cinco anos. O estudo é baseado em projetos já licitados ou a serem licitados a partir de 2019. Nessas projeções, os investimentos em transportes e logística vão somar R$ 124,3 bilhões entre 2022 e 2026. Os aportes em saneamento vão atingir R$ 35,8 bilhões. Juntas, essas áreas receberiam R$ 160,1 bilhões até 2026.
No levantamento anterior, de 2020, essas atividades receberiam um total de R$ 113,9 bilhões: R$ 82 bilhões em rodovias, ferrovias, portos e aeroportos, e R$ 31,9 bilhões em água e esgoto.
Segundo o presidente da Abdib, Venilton Tadini, a aprovação de reformas no Congresso, como o Novo Marco do Saneamento e a Nova Lei do Gás, juntamente com um calendário mais intenso de leilões de concessões e de privatização são os principais motivos dessa melhora nos planos de investimentos.
Tadini diz que no triênio de 2019/2021, por exemplo, foram realizados 115 leilões, com geração de R$ 125 bilhões em outorgas e expectativa de mais de R$ 500 bilhões de investimentos nos próximos 30 anos.
Mas o representante das empresas de infraestrutura diz que a melhora no cenário de investimentos em infraestrutura no Brasil ainda não é suficiente para o país eliminar gargalos que atrapalham a produção e o crescimento econômico.
Nas contas da Abdib, os investimentos em transportes e logística, por exemplo, deveriam representar o equivalente a 2,26% do PIB (Produto Interno Bruto), ou algo como R$ 161 bilhões por ano. Mas nas projeções feitas pela entidade, o setor vai investir anualmente entre R$ 15,8 bilhões e R$ 34,7 bilhões.
No setor de saneamento, as estimativas da entidade apontam que o Brasil precisaria receber o equivalente a 0,45% do PIB, ou algo como R$ 80 bilhões por ano. Mais que o dobro que o país terá em cinco anos.
Percebemos claramente que precisamos de muito mais projetos privados e também complementação de investimentos públicos no período. Temos de apostar nas duas frentes simultaneamente.
Venilton Tadini, presidente-executivo da Abdib
Segundo o representante da indústria de base, haverá um crescimento cada vez mais relevante do investimento privado em infraestrutura em relação aos gastos públicos por causa das limitações de orçamentos dos governos federal, estadual e municipal.
"Mas a questão é saber se isso será suficiente para suprir as deficiências da infraestrutura caso o investimento público continue no patamar reduzido dos últimos anos", afirma Tadini.
Segundo a Abdib, a parcela privada de investimentos no setor cresceu 14,2 % entre 2016 e 2020, enquanto a participação pública caiu 38%.
Em 2020, o setor privado respondeu por 79% de todos os investimentos em infraestrutura no Brasil, ante 21% aportados pelo setor público.
Para comparar, em 2010, de cada R$ 100 gastos em infraestrutura, R$ 56 eram privados e R$ 44 eram de governos.
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