PIB do agronegócio cresce 10,8% em 9 meses e é quase 1/3 do PIB nacional
O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio, calculado pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, em parceria com a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), teve um crescimento pequeno no terceiro trimestre, de 0,4%. No acumulado de janeiro a setembro, o setor avançou 10,79% (R$ 238 bilhões). O índice foi divulgado nesta segunda-feira, 13.
O relatório apontou que, em 2021, a participação da agropecuária no PIB nacional pode chegar a 28%. Em 2020, essa participação foi de 26,6%. Em valores monetários, o PIB do País totalizou R$ 7,45 trilhões em 2020, e o PIB do agronegócio chegou a quase R$ 2 trilhões.
De acordo com o levantamento, que considera os desempenhos do agronegócio e da economia até o momento, a participação da agropecuária no PIB nacional pode ficar em 28% em 2021. Segundo pesquisadores do Cepea, o aumento do PIB, na parcial de 2021, está atrelado aos resultados observados para o ramo agrícola, com elevação de 17,06% (equivalente a R$ 268 bilhões), já que o pecuário segue registrando balanço negativo no período de janeiro a setembro, com queda de 4,76%, equivalente a R$ 30 bilhões.
Fertilizantes e máquinas
No período, os destaques foram os segmentos de insumos e o setor primário (agricultura). Conforme o Cepea/CNA, o PIB do segmento de insumos agrícolas foi puxado pelo desempenho da agricultura e pela alta importante dos preços, sobretudo dos fertilizantes e das máquinas agrícolas.
Conforme o relatório, a indústria de fertilizantes, projeta um importante crescimento de 66,11% do faturamento anual, resultado que reflete a alta de 42,92% dos preços, na comparação anual, e o crescimento de 16,22% da produção esperado para este ano.
Apesar do crescimento, a produção nacional não é suficiente para atender à demanda doméstica, que, em grande medida, depende de importações.
De acordo com a Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA), a pandemia desencadeou uma alta dos preços no mundo todo, devido às restrições de oferta em diversos países produtores; e, mais recentemente, as dificuldades relacionadas aos fretes, à atracação de navios e à contração de contêineres têm causado escassez de fertilizantes no mercado.
Para a indústria de máquinas agrícolas, é esperado um crescimento expressivo de 67,01% do faturamento anual, resultado da combinação do crescimento anual de 46,60% esperado para a produção em 2021 e do avanço de 13,92% dos preços reais, na comparação entre períodos. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), o resultado reflete a capitalização de produtores.
Soja em alta
Os resultados da agricultura, segundo o índice Cepea/CNA, vieram por causa dos altos preços agrícolas no mercado internacional, principalmente de grãos, cana-de-açúcar e café, provocado por quebras de produção, devido ao clima desfavorável. O avanço da receita, contudo, foi limitado pelo aumento dos custos de produção.
No terceiro trimestre desse ano, os pesquisadores ressaltaram a desaceleração da recuperação da produção industrial, na comparação anual. Esse foi o cenário para quase todas as agroindústrias agrícolas, mas ainda assim, a variação do PIB do setor, no acumulado do ano, continuou positiva.
O crescimento do PIB dos serviços do agronegócio também merece destaque, apontou o relatório. A boa performance da agricultura, sobretudo da soja, e a recuperação do nível de processamento vegetal (apesar da desaceleração) ampliaram o uso de serviços.
Pecuária foi fraca, por falta de animais para abate
Já o fraco desempenho da pecuária teve como principal fator de pressão o aumento expressivo dos custos com insumos, dentro da porteira. No segmento primário, o PIB cresceu, mas com resultado bem modesto, tendo em conta as fortes elevações dos preços. Isso porque a alta dos custos foi mais intensa que as elevações dos valores dos produtos e houve menor produção de bovinos no campo.
Na agroindústria pecuária, pesquisadores do Cepea indicaram que as elevações das matérias-primas não puderam ser repassadas na mesma intensidade aos preços negociados, diante da enfraquecida demanda doméstica, causando um estreitamento das margens, situação que se agravou no terceiro trimestre. Além disso, o abate de bovinos diminuiu, devido à escassez de bois no campo
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