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Bolsonaro: tiro no pé ao conceder aumento aos policiais federais, diz Thaís

Do UOL, em São Paulo

23/12/2021 19h44

A colunista do UOL, Thaís Oyama afirmou hoje, durante o UOL News, que o presidente Jair Bolsonaro (PL) deu um tiro no pé ao comentar sobre o aumento concedido aos policiais federais, o que desagradou o restante dos funcionários públicos. Isso gerou uma debandada de 635 auditores fiscais da Receita Federal.

"Ontem a gente já teve os auditores fazendo esse movimento, hoje é o Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais) fazendo esse movimento. E amanhã sabe Deus qual é a categoria que vai mostrar a sua indignação com esse seletivo aumento que o Jair Bolsonaro se esforçou para conceder", disse a colunista.

"Eu acho que é tarde demais agora e na verdade foi um tiro no pé, essa visão pequena e limitada que o presidente tem foi o que causou isso", completou.

A colunista entende que será complicado para o presidente resolver essa questão. Isso vai gerar muito mais insatisfação do que votos. "Que era o que ele (Bolsonaro) queria inicialmente", disse Thaís.

Entrega de cargos

Subiu para 635 o número de auditores da Receita Federal que entregaram cargos de chefia no órgão, segundo o Sindifisco Nacional (Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Federal). Os servidores protestam contra cortes no Orçamento da Receita para 2022, reclamam da falta de regulamentação de um bônus e acusam o governo e o Congresso de tirar dinheiro da Receita para dar aumento de salário a policiais.

O total de renúncias inclui 44 servidores que deixaram suas funções de conselheiros do Carf, órgão da Receita que funciona como uma espécie de "tribunal", responsável por julgar processos relacionados a questões tributárias e aduaneiras em segunda instância.

Também incluiu 17 auditores da Copei (Coordenação-Geral de Pesquisa e Investigação), área de inteligência que atua no combate à sonegação, lavagem de dinheiro e crimes financeiros.

O movimento de entrega de cargos começou ontem, com 500 chefes da Receita.

Reajuste dos policiais

O estopim para o movimento foi a aprovação, pelo Congresso Nacional, da destinação de R$ 1,7 bilhão para a concessão de um reajuste salarial a policiais. A medida era defendida pelo próprio presidente, que tem nas forças de segurança uma importante base eleitoral.

Os servidores também reclamam da falta de regulamentação de um bônus, que está em vigor desde 2017. Hoje, o benefício tem um valor fixo e não é vinculado a metas de desempenho. A categoria reivindica que essa regra seja modificada.