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Lula não vai atender ao 'mimimi do mercado', diz Gleisi Hoffmann a jornal

A presidente do PT também diz que não será lançada uma nova "carta ao povo brasileiro" - Marina Ramos/Câmara dos Deputados
A presidente do PT também diz que não será lançada uma nova "carta ao povo brasileiro" Imagem: Marina Ramos/Câmara dos Deputados

Colaboração para o UOL

10/01/2022 08h42Atualizada em 10/01/2022 11h04

A presidente do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), disse que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pré-candidato para as eleições presidenciais deste ano, não vai lançar uma nova "carta ao povo brasileiro" —referência ao documento divulgado ao setor financeiro em 2002, quando Lula foi eleito— nem atender ao que chamou de "mimimi do mercado".

"Não tem necessidade de carta ao povo brasileiro, as pessoas já conhecem o Lula. Não precisamos mais de um Palocci", disse Gleisi à coluna de Malu Gaspar, em O Globo. A deputada fez referência ao primeiro ministro da Fazenda do governo Lula.

Porém, a presidente do PT afirma que, em um eventual governo Lula, não haverá quebra de contratos. "A única coisa que não vamos fazer é quebrar contratos, como o Bolsonaro fez com os precatórios. O resto nós vamos fazer. E não tem mimimi do mercado. Um país que não tem dívida externa, que tem este mercado consumidor, não pode ter o povo com fome e sem renda."

Reforma trabalhista

Os planos dos petistas para a economia chamaram a atenção nos últimos dias após o ex-presidente Lula afirmar, na última terça-feira (4), que os brasileiros deveriam "acompanhar de perto" o que está acontecendo com a reforma trabalhista na Espanha. No país europeu, governo, sindicatos de trabalhadores e empresários fizeram um acordo para revisar alterações nos direitos dos trabalhadores feitas em 2012. Agora, haverá regras mais rígidas para as terceirizações, por exemplo.

Gleisi Hoffmann também comentou o assunto, afirmando que a notícia é "alvissareira". "A reforma espanhola serviu de modelo para a brasileira e ambas não criaram empregos, só precarizaram direitos", disse.

Segundo reportagem do jornal O Estado de S.Paulo, o partido também avalia atuar para reverter outras propostas aprovadas nos governos de Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL), como o programa de privatizações de estatais e o teto de gastos, principal âncora fiscal da economia.

Na entrevista para O Globo, Gleisi confirma a intenção de revogar o teto. "O teto de gastos está desmoralizado e deve ser um dos primeiros a serem liquidados. Bolsonaro fez o orçamento de guerra e muitas outras coisas fora do teto aos olhos do mercado e agora querem exigir de nós respeito ao teto?".

Guido Mantega

Outra sinalização das ideias petistas para a política econômica numa eventual eleição de Lula veio por meio de um artigo do economista Guido Mantega, ministro da Fazenda entre 2006 e 2014, publicado no jornal Folha de S.Paulo.

No texto escrito por Mantega, é destacada a crise econômica no governo Bolsonaro e citadas políticas públicas lulistas como solução, a exemplo do aumento de verbas sociais alinhado a maiores superávits primários.

O texto causou ataques de outros pré-candidatos, como Ciro Gomes (PDT) e Segio Moro (Podemos). Ambos afirmam que o texto "esconde" a política econômica do governo Dilma Rousseff (PT), entre 2011 e 2016.

"A síntese do pensamento econômico do lulismo, pobre e cinicamente produzida por Guido Mantega, hoje na Folha, é uma das peças mais hipócritas e ambíguas já vistas. É uma mistura de 'Carta aos Brasileiros' envergonhada e nacional desenvolvimentismo de araque", escreveu o pedetista nas redes sociais.

Já o ex-juiz ironizou o texto, se referindo a Mantega, ex-ministro da Fazenda nos governos do PT, como "Pós-Itália", que seria o apelido do economista nas planilhas da Odebrecht nas quais constavam os beneficiários do dinheiro ilícito da empreiteira.

"Impressão minha ou Pós-Itália nega ou omite que a nova matriz econômica (agora será a novíssima?!) gerou a grande recessão de 2014-2016 durante o Governo do PT?".