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Rússia x Ucrânia: Medidas contra desvalorização do rublo entram em vigor

Putin convocou reunião com sua equipe econômica para tratar das sanções aplicadas à Rùssia - RIA Novosti/Sergey Guneev
Putin convocou reunião com sua equipe econômica para tratar das sanções aplicadas à Rùssia Imagem: RIA Novosti/Sergey Guneev

Do UOL, em São Paulo*

01/03/2022 09h10Atualizada em 01/03/2022 12h52

Começa a valer a partir desta terça-feira (1º) o decreto que proíbe os moradores da Rússia de transferir dinheiro para o exterior. Além disso, exportadores russos estão obrigados, desde ontem (28), a converter em rublos 80% de sua receita obtida em moeda estrangeira desde 1º de janeiro.

As regras estão em um decreto publicado no site do Kremlin. O pacote é uma tentativa do presidente russo, Vladimir Putin, de conter a desvalorização do rublo e proteger a economia.

O rublo caiu a mínimas históricas ontem, e fechou negociado a 94,6 por dólar, frente a 83,5 antes da invasão à Ucrânia.

Para defender a economia e a moeda nacionais do impacto das sanções ocidentais, o Banco Central da Rússia anunciou, em um comunicado divulgado nesta segunda-feira, que mais que dobrará sua taxa básica de juros, de 9,5% a 20%.

Pressão econômica contra a Rússia

Estados Unidos, União Europeia e outros países anunciaram que irão excluir alguns bancos russos do sistema internacional de pagamentos bancários Swift e de qualquer transação com o Banco Central da Rússia — medida que trará impactos também para a economia mundial e a do Brasil.

Nesta terça, foi a vez do Reino Unido de anunciar que incluiu o maior banco da Rússia, o Sberbank, à lista de entidades russas alvos de sanções no Reino Unido.

Diversas empresas estão anunciando que vão sair da Europa ou interromper a produção, como foi o caso da Hyundai em São Petersburgo, a segunda maior de Moscou. A empresa planeja retomar a produção da unidade no dia 9 de março.

Reações

A TV russa exibiu imagens de uma reunião entre Putin, o primeiro-ministro Mikhail Mishustin, o ministro das Finanças Anton Siluanov, a presidente do banco central russo, Elvira Nabiullina, e o diretor-geral do maior banco do país, Sberbank, para responder às sanções.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, reconheceu um pouco antes que as sanções das potências ocidentais eram "duras" e representavam um "problema", mas que a Rússia tinha "todo o potencial necessário para compensar os danos". O Kremlin não anunciou nenhuma medida adicional em reação às sanções.

"As medidas tomadas reduzem a volatilidade", disse à AFP Alexei Vedev, analista do instituto econômico Gaïdar. "A incerteza é enorme e o banco central está agindo com razão", acrescentou.

Nesta terça, o primeiro-ministro da Rússia, Mikhail Mishustin, criticou a saída das empresas do país após o início das sanções. Segundo ele, isso ocorre por "pressão política", e não por razões econômicas.

Magnatas preocupados

Em uma reação rara, magnatas russos expressaram publicamente seu descontentamento.

"É uma crise verdadeira e são necessários especialistas verdadeiros em crises. Deve-se mudar absolutamente de política econômica e pôr fim a todo esse capitalismo de Estado", publicou no aplicativo de mensagens Telegram Oleg Deripaska, multimilionário criador da gigante do alumínio Rusal. Ele disse esperar do governo "esclarecimentos e comentários claros sobre a política econômica para os próximos três meses".

Para Serguei Khestanov, assessor macroeconômico da Open Broker, a Rússia ainda tem espaço. "Enquanto não houver sanções reais às exportações russas, especialmente petróleo e gás, não haverá catástrofe", indicou, embora "as pessoas, é claro, vão sentir" os efeitos.

Preocupados, alguns russos preferiram retirar suas economias do banco. Esse foi o caso de Svetlana Paramonova, 58, que deseja sacar todo o seu dinheiro "para guardá-lo em casa. É mais seguro, uma vez que já não entendemos mais o que acontece."

*Com informações da AFP