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Kupfer: Bolsonaro pode mitigar altas nos combustíveis, mas é preciso ação

Colaboração para o UOL, em São Paulo

09/05/2022 14h01Atualizada em 09/05/2022 19h59

Na avaliação de José Paulo Kupfer, colunista do UOL, o presidente Jair Bolsonaro (PL) dispõe de meios para "mitigar" as altas nos preços dos combustíveis, mas, para isso, é preciso que ocorra uma ação por parte do governo federal, algo que não está acontecendo.

"O governo, além dos esbravejamentos do presidente Bolsonaro, não tem feito nada nesse sentido", disse Kupfer em entrevista ao UOL News - Tarde, programa do Canal UOL.

A atual política de preços da Petrobras, que atrela o valor de venda dos combustíveis nas refinarias com a cotação do dólar e do petróleo no mercado internacional e foi instituída no governo de Michel Temer (MDB), é a principal responsável pelas sucessivas altas, apontou Kupfer.

"Enquanto vigorar essa política que a Petrobras instituiu, os reajustes serão inevitáveis e altos", acrescentou o jornalista. "O fato de ter sido apenas o diesel agora (subirá quase 9% a partir de amanhã) não significa que a gasolina e o gás não serão reajustados daqui um tempo", prosseguiu.

Para Kupfer, Bolsonaro poderia agir intervindo na situação, avaliando, entre custos e benefícios, qual a viabilidade de, por exemplo, instituir um fundo capaz reduzir os impactos das variações vindas do exterior no preço dos combustíveis nas bombas.

Em março, relembrou o colunista, o Senado aprovou um PL (Projeto de Lei) nesse sentido, que cria um fundo para estabilizar os preços da gasolina, do diesel e do gás de cozinha no Brasil.

O Ministério da Economia, encabeçado por Paulo Guedes, porém, não aprova a ideia de criar um fundo. Até o momento, o projeto encontra-se parado na Câmara dos Deputados, presidida por Arthur Lira (PP-AL), aliado do presidente Jair Bolsonaro.

"Ficar falando que [o lucro que a Petrobras vem adquirindo por causa das altas] é um 'estupro', que é isso e aquilo, pode ser bom para os apoiadores. Para a vida real do brasileiro, é apenas fugir das responsabilidades", apontou Kupfer.