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Bolsonaro pede a mercados e indústria 'menor lucro possível' em alimentos

Mariana Durães

Do UOL*, em São Paulo

09/06/2022 15h29Atualizada em 10/06/2022 13h52

O presidente Jair Bolsonaro (PL) participou hoje, de forma virtual, do Fórum da Cadeia Nacional de Abastecimento, promovido pela Abras (Associação Brasileira de Supermercados). O chefe do Executivo fez um apelo principalmente em relação aos produtos da cesta básica.

"O apelo que eu faço aos senhores, para toda a cadeia produtiva, é que os produtos da cesta básica, cada um obtenha o menor lucro possível, para a gente poder dar uma satisfação a uma parte considerável da população, em especial os mais humildes", disse.

Eu sei que a margem de lucro tem cada vez diminuído mais também, os senhores já vêm colaborando dessa forma. Mas colabore um pouco mais na margem de lucro dos produtos da cesta básica. Esse é o apelo que faço aos senhores. Se for atendido, eu agradeço e muito, e se não for, é porque realmente não é possível.
Presidente Jair Bolsonaro

Bolsonaro reclamou de ser visto como culpado pela "inflação e aumento dos gêneros alimentícios". O presidente deu exemplos de medidas do governo, como as relacionadas a combustíveis, e fez uma lista de pautas defendidas por ele.

"É um apelo pela nossa economia, para que nós possamos, ao continuar o governo, mostrar a vocês que nós não queremos, por exemplo, revogar a reforma trabalhista. Nós não queremos mais que se use o nosso BNDES para emprestar para ditaduras. Nós não queremos valorizar o MST da forma original. Não queremos uma campanha de desarmamento da população. Nós reconhecemos e valorizamos os militares", afirmou, em tom eleitoral, falando ainda de liberdade religiosa, de imprensa e expressão.

O presidente Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, têm conversado com o setor nos últimos dias para tentar sensibilizar sobre a alta dos preços. Nesta semana, durante entrevista ao SBT, o presidente afirmou que já tem conversado com lideranças dos supermercados sobre o tema.

Em nota, a Abras afirmou que se reuniu com o ministro Paulo Guedes na terça-feira (7) e pediu a isenção de impostos dos produtos da cesta básica e a desoneração da folha de pagamento. Ainda segundo o texto, mais de 50 varejistas participaram do encontro e teriam se comprometido a "repassar ao consumidor qualquer redução que houver na cadeia produtiva."

O UOL mostrou hoje que, apesar de a inflação ter desacelerado no mês passado, ela ainda acumula alta de 11,73% em 12 meses. Só os alimentos e bebidas subiram 13,51% desde maio de 2021. Considerando apenas os produtos da cesta básica, a disparada foi ainda maior, com altas que chegam a mais de 67%. Apenas o arroz teve queda (-10,27%) no período.

* Com informações de Carla Araújo e Anaís Motta, do UOL em Brasília e São Paulo