Número 2 da Caixa deixa cargo após ser citado em denúncia com Guimarães
O vice-presidente de Negócios de Atacado, Celso Leonardo Barbosa, considerado o número dois na administração da Caixa Econômica Federal, apresentou hoje a carta de renúncia ao cargo, após ser citado nas denúncias de assédio sexual feito por funcionárias que derrubaram o então presidente da instituição, Pedro Guimarães.
[A Caixa] Comunica, ainda, que o Conselho de Administração acatou, nesta data, carta de renúncia entregue pelo Sr. Celso Leonardo Derzie de Jesus Barbosa ao cargo de Vice-Presidente de Negócios de Atacado. Trecho do fato relevante enviado pela Caixa ao mercado
Segundo apurou a colunista do UOL Carla Araújo, o nome de Barbosa aparece nas denúncias de uma funcionária que relatou à ouvidoria da Caixa ter sido vítima de assédio. Ele teria colaborado com Guimarães em alguns episódios.
A conduta do executivo também motivou um pedido de esclarecimentos à Caixa pelo MPT (Ministério Público do Trabalho), na quarta-feira. Na notificação, o MPT pede que o banco se manifeste sobre a denúncia de que o executivo "causaria 'temor' às mulheres que trabalham no banco, levando a crer que as denúncias de assédio também se estenderiam ao referido gestor".
A notificação é a mesma em que o MPT solicita informações sobre Guimarães. O banco tem um prazo de dez dias para responder.
Além do MPT, o MPF (Ministério Público Federal) e o TCU (Tribunal de Contas da União) também abriram investigações para apurar as denúncias.
Daniella Marques Consentino, 42 anos, próxima ao ministro da Economia, Paulo Guedes, e integrante do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) desde o início do mandato, irá assumir o posto de Guimarães.
Denúncias de assédio sexual
Nesta semana, o site de notícias "Metrópoles" divulgou denúncias de funcionárias do banco, que incluem toques íntimos não autorizados, abordagens inadequadas e convites incompatíveis com a relação de trabalho supostamente praticadas por Pedro Guimarães. Os atos começaram a surgir no fim do ano passado.
Todas as mulheres que falaram ao Metrópoles, sem que seus nomes fossem divulgados, trabalham ou trabalharam em equipes que atendem diretamente o gabinete da presidência da Caixa. As cinco entrevistadas disseram que se sentiram abusadas em diferentes ocasiões, e sempre em compromissos de trabalho.
Os casos teriam acontecido, muitas vezes, em viagens relacionadas ao programa Caixa Mais Brasil. Segundo relato, o presidente do banco escolhe, preferencialmente, "mulheres bonitas" para as comitivas nas viagens. De acordo com Ana*, uma das funcionárias que denunciaram o assédio, o comunicado de escolha é como um prêmio.
Outra prática comum, segundo as funcionárias, é que mulheres que despertam a atenção de Guimarães durante as viagens sejam chamadas para atuar em Brasília, muitas vezes promovidas hierarquicamente sem preencher requisitos necessários. A prática deu, inclusive, origem a uma expressão usada para se referir a elas: "disco voador".
Em contato com o UOL, o Ministério da Economia disse que não irá se manifestar sobre o caso.
Em nota, a Caixa afirma que "não tem conhecimento das denúncias apresentadas pelo veículo e que adota medidas de eliminação de condutas relacionadas a qualquer tipo de assédio.". Ainda no texto enviado ao UOL, a instituição diz que "o banco possui um sólido sistema de integridade, ancorado na observância dos diversos protocolos de prevenção, ao Código de Ética e ao de Conduta, que vedam a prática de 'qualquer tipo de assédio, mediante conduta verbal ou física de humilhação, coação ou ameaça'".
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