Com mestrado e desempregada há 4 anos: mãe solo viraliza com apelo por vaga
A capixaba Rachel Franzan, 43, diz que não tem dormido direito este mês. Socióloga, professora e analista de pesquisa, com mestrado e MBA no currículo, ela está desempregada desde 2018 e já não sabe mais o que fazer para pagar as contas de casa e sustentar o filho, Dante, de 12 anos, em Serra (ES). Já tentou serviço inclusive fora da sua área, como faxineira e vendendo sacolé.
Em um desabafo no LinkedIn, relata sua situação de penúria, pede emprego e critica a falta da oportunidades para mulheres, principalmente mães solo. Acompanha o relato uma foto da sua geladeira aberta, com apenas uma cartela de ovos, um pote de margarina e duas tigelas tampadas. A publicação viralizou, com mais de 20 mil curtidas e 1.500 comentários até a tarde desta terça-feira (12).
Faz três meses que estou sem bico nenhum. Minhas reservas acabaram por completo. E já estou na fase de desespero.
Rachel Franzan, desempregada
Ela atribui parte da dificuldade de encontrar emprego ao machismo das empresas, que não querem contratar uma mãe solo.
"Uma mulher me disse que a vaga exigia viajar e me perguntou como eu ia fazer com meu filho. Ser mãe solo não significa que não vou entregar meu trabalho. Quantas mães não têm trabalhado de casa com a criança no cangote?", questiona.
Dívidas de R$ 10 mil e ajuda de amigos
Rachel contou ao UOL que não consegue mais fazer três refeições por dia e que não come carne vermelha há um ano, porque sua renda despencou.
O dinheiro que entra é para cuidar do filho e pagar as parcelas de R$ 1.000 do financiamento da casa onde moram. Já tem dois boletos vencidos. "Às vezes, eu até me arrependo de ter financiado a casa", diz.
Com dívidas de aproximadamente R$ 10 mil, ela tem contado com a ajuda de amigos que conseguem pagar algumas contas. "Em julho, especialmente, eu não tenho dormido. Escrevi aquilo no desespero", declara.
Ela reclama da alta nos preços. "A inflação está acabando com o poder de compra do brasileiro. As pessoas estão podendo comprar comida e olhe lá", diz.
Rachel diz que tentou se inscrever no Auxílio Brasil, programa do governo federal que tem pagamento mínimo de R$ 400 ao mês, mas afirma que foi rejeitada por causa dos critérios de renda. Seu filho recebe uma pensão de R$ 600.
Podem receber o benefício famílias em situação de extrema pobreza —renda familiar mensal de até R$ 105 por pessoa— e famílias em situação de pobreza —renda familiar mensal de até R$ 210 por pessoa.
Faxina e sacolé
Rachel é mestre em História pela Ufes (Universidade Federal do Espírito Santo) e tem MBA em comportamento do consumidor pela UVV (Universidade Vila Velha), mas só consegue trabalhos temporários na sua área.
Às vezes, fecha um contrato por uma semana ou dez dias, que rende dinheiro suficiente para pagar as contas em atraso. Tudo sem carteira assinada —o documento está guardado no fundo armário há pelo menos quatro anos.
Entre um bico e outro, já tentou trabalho como faxineira, passeando com cachorros e vendendo sacolé. Do sacolé, ou geladinho, desistiu depois de três meses, por falta de clientes.
Rachel diz que aceitaria emprego em outra área. Em sua publicação no LinkedIn, dezenas de pessoas disseram se identificar com suas palavras, indicaram vagas e sugeriram empresas para ficar de olho.
Ela se diz surpresa com a repercussão. Em menos de 24 horas, pessoas ofereceram cesta básica e doação de dinheiro via Pix. Mesmo feliz ao ver seu desabafo atingir tanta gente, Rachel afirma que quer mesmo é conseguir um novo trabalho.
Veja abaixo o relato dela no LinkedIn:
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