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Em 11 anos, mais brasileiros conseguem usar cartão de crédito sem juros

Compras com cartão de crédito cresceram 42,4% no primeiro trimestre - Cottonbro/ Pexels
Compras com cartão de crédito cresceram 42,4% no primeiro trimestre Imagem: Cottonbro/ Pexels

Giuliana Saringer

Do UOL, em São Paulo

14/07/2022 04h00

Em 11 anos, mais brasileiros conseguiram quitar o cartão de crédito sem pagar juros. Em fevereiro de 2011, 67% das operações tinham sido pagas à vista ou parceladas sem juros. Em fevereiro de 2022, essa fatia subiu para 76%. Os dados são do Banco Central e da Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços).

Por que isso importa? Num momento de juros altos, é saudável para o seu bolso evitar prestações que tenham encargos adicionais. Mesmo com a crise, os dados mostram uma busca de equilíbrio para evitar endividamento.

Pouca gente paga juros? A participação dos pagamentos parcelados com juros é minoria: apenas 9% em fevereiro deste ano, segundo o BC. Mas isso não significa que esse tipo de pagamento esteja acabando. Houve até um aumento em relação ao ano passado.

Em fevereiro de 2022, o parcelado com juros cresceu 49,7% em comparação com o mesmo mês de 2021. Este dado inclui compras parceladas com juros, parcelamento de fatura de cartão de crédito, parcelamento migrado do rotativo, saques parcelados e pagamento de contas parceladas.

É um aumento maior que o crescimento do à vista ou parcelado sem juros (essa modalidade subiu 39,7% no mesmo período).

Além disso, está diminuindo o número de prestações sem juros. Segundo levantamento da consultoria Gmattos, somente 17,2% das lojas oferecem o parcelado em 12 vezes sem juros, enquanto há cinco anos a taxa era de 85%. O que existem são opções de parcelamento sem juros em menos vezes.

Uso do cartao de credito -  -

Por que o uso de cartões aumentou? Os pagamentos com cartões de crédito cresceram 42,4% no primeiro trimestre do ano, movimentando R$ 478,5 bilhões.

De acordo com a Abecs, a alta foi impulsionada pelo avanço da base de usuários, que buscam cada vez mais soluções como compras online, parcelamento sem juros e pagamento por aproximação.

O parcelamento de cartão tem crescido nos últimos 10, 15 anos. Ele representa mais de 50% de tudo que é movimentado com o cartão, afirma Ricardo Vieira, diretor-executivo da Abecs.

Como o cliente reage? Ulisses Ruiz de Gamboa, economista da ACSP (Associação Comercial de São Paulo), diz que existem dois padrões comuns entre os clientes.

O primeiro deles é optar pelo pagamento à vista quando o item que está comprando é de valor mais baixo —seja no cartão de débito ou Pix, já que o dinheiro tem perdido força a cada dia.

Quando o preço é mais alto, o crédito vira o meio de pagamento preferido. Isso ocorre por causa da alta dos juros, afirma Gamboa.

Uma estratégia usada pelos lojistas é oferecer descontos maiores aos consumidores que optarem pelo pagamento à vista — no dinheiro, cartão em uma vez ou no Pix.

Como usar bem o parcelamento? Gamboa diz que o parcelamento de cartão é um importante aliado do consumidor, principalmente quando compra itens mais caros sem ter que esperar tanto tempo para possuir o bem.

Vieira diz que o consumidor não pode considerar o limite do cartão como uma renda extra, mas sim como uma forma de financiar produtos mais caros com planejamento. O valor das parcelas precisa caber no bolso para não gerar endividamento.

Apesar da "fama", o brasileiro é um bom pagador de cartão, diz Vieira. Hoje a maioria dos donos de cartões paga a fatura na data correta. Com a redução nas taxas de desemprego, a inadimplência também tende a diminuir.

Como sair do rotativo? Desde 2017, os consumidores só podem ficar no rotativo do cartão de crédito por até 30 dias. Essa medida evita um endividamento maior de quem não consegue pagar a fatura.

Hoje a taxa de juros do rotativo é uma das mais altas do mercado. Em fevereiro era de 355,2% ao ano.

No vencimento da fatura seguinte, o valor devido é automaticamente financiado pelo banco. Na prática, o montante é dividido em parcelas iguais, já com juros, cobradas no próprio cartão.

Quem não quiser que isso aconteça precisa pagar o valor integral usado no rotativo em até 30 dias.