Mesmo com Pix, bancos lucram R$ 132 bilhões em 2021, 49% a mais que em 2020
O lucro líquido do sistema de bancos foi de R$ 132 bilhões em 2021, valor 49% superior ao registrado em 2020 e 10% acima do observado em 2019. Os dados constam do Relatório de Estabilidade Financeira, divulgado hoje pelo BC (Banco Central). De acordo com o BC, a rentabilidade dos bancos continua em recuperação dos efeitos da pandemia e deve se manter resiliente no curto prazo.
"Após queda significativa no primeiro semestre de 2020, a rentabilidade do sistema retornou a níveis próximos daqueles observados antes da pandemia. As despesas com provisões estabilizaram-se, e o atual nível de cobertura de provisões pode contribuir para absorver eventuais aumentos em ativos problemáticos. A margem de crédito está pressionada pelo aumento do custo de captação, mas deve se beneficiar do mix mais rentável e de novas contratações de crédito a taxas mais altas. As receitas de serviços devem crescer em ritmo mais lento, e os custos, apesar de controlados, devem seguir pressionados pela inflação", afirmou o BC.
De acordo com a instituição, o ambiente de taxas de juros mais altas favorece a concessão de novos créditos a taxas mais altas. "A migração para um perfil de carteira de maior retorno e risco, que começou em 2021 e deve continuar em 2022, também tende a favorecer o retorno do crédito ao longo de 2022. A combinação desses efeitos deve ser positiva para a margem de crédito do sistema nos próximos meses", indicou o banco.
Lucros dos bancos privados
O Itaú Unibanco registrou lucro líquido de R$ 26,9 bilhões em 2021, resultado 45% maior que o de 2020, quando havia lucrado R$ 18,5 bilhões. O Bradesco reportou lucro recorde de R$ 26,2 bilhões em 2021, alta de 34,7% na comparação com o ano anterior. O Banco do Brasil teve lucro ajustado de R$ 21 bilhões em 2021, com crescimento de 51,4% em relação a um ano antes.
O Santander Brasil fechou 2021 com lucro de R$ 16,4 bilhões, alta de 7% em relação a 2020. O BTG Pactual anunciou "o maior nível de receitas" em 2021, quando teve lucro líquido ajustado de R$ 6,5 bilhões em 2021 —crescimento de 60% com relação a 2020.
Juntos, os três maiores bancos privados no Brasil (Bradesco, Itaú e Santander) lucraram R$ 69,5 bilhões em 2021. Esse foi o maior valor nominal da história, com crescimento de 35% na comparação com 2020.
Pix foi 10% dos pagamentos
De acordo com o BC, o Pix chegou a representar 10,6% do total de pagamentos de varejo. O crescimento médio mensal do volume de transações foi de cerca de 12%. A maior parte das transações continua sendo entre pessoas, havendo potencial para expansão nos demais casos de uso.
Serviços
O BC projeta que as receitas de serviços devem crescer menos em 2022, enquanto os custos seguem pressionados pela inflação. Após crescerem em ritmo mais lento por conta da pandemia em 2020, as receitas de serviços cresceram 10% em 2021, impulsionadas pela melhora da atividade econômica. Com a atividade econômica mais fraca prevista para este ano e a competição mais acirrada, a expectativa é de menor crescimento das receitas de serviços em 2022.
"Apesar da alta da inflação em 2021, os bancos conseguiram controlar o aumento dos custos. As despesas administrativas cresceram 8%, enquanto a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de 10% em 2021. A inflação deve continuar pressionando os custos das instituições em 2022", afirmou a instituição.
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