TC Viagens: clientes relatam prejuízo de R$ 140 mil com golpe em passagem
Uma agência de turismo que vendia passagens aéreas pelas redes sociais é acusada de dar um golpe em dezenas de turistas, que descobriam o "calote" ao não receber os vouchers às vésperas da data prevista para embarque, deixando prejuízos que chegam a R$ 140 mil para um único grupo de clientes.
Uma das vítimas foi a corretora de imóveis Renata Bandeira Marques, que mora no Rio Grande do Norte e deveria ter viajado em 5 de maio para Cancún, no México, em uma viagem adiada por mais de dois anos por causa da pandemia de covid-19.
"A gente recebeu uma nota extrajudicial da agência informando que a gente não ia poder viajar. A gente vinha relatando [para a agência] que a gente precisava dos vouchers, porque queria organizar, deixar tudo prontinho. A gente pagou R$ 16 mil e até hoje está por isso", contou a mulher, em entrevista ao "Fantástico", exibido ontem.
Renata é uma das várias clientes que denunciam problemas com a TC Viagens & Turismo, que tem CNPJ inscrito em São Paulo. Entre as outras vítimas da empresa, que não honrou os pacotes que vendeu, está um grupo de mais de 30 pessoas, que viajaria para comemorar o casamento de um casal de amigos.
Mais de dois anos depois da compra, o relacionamento entre os noivos acabou, mas o prejuízo pela viagem que não aconteceu soma R$ 140 mil.
"A gente resolveu fazer uma viagem de lua de mel no nosso casamento. Resolvemos chamar amigos e alguns padrinhos pra fazer essa viagem para Cancún. Todo mundo pagou a viagem e aí veio a pandemia", contou o ex-casal, em condição de anonimato, também ao programa da TV Globo.
"No nosso grupo tinham pessoas de outros estados que já tinham se programado para estar em São Paulo antes", completaram os clientes, destacando que o prejuízo incluiu também as passagens para os convidados irem até o ponto de embarque para o México, já que mesmo após o término, os amigos ainda pretendiam viajar para o destino paradisíaco.
Ainda segundo eles, Tatiane Silva, filha da dona da empresa, era a responsável por se comunicar com os clientes. Em meio a períodos longos sem dar respostas para os clientes, ela alegou que teve internações por problemas psicológicos, como síndrome do pânico e depressão.
Outras vítimas que conversaram com o Fantástico também relataram dívidas acima na casa das dezenas de milhares de reais e a falta de respostas das responsáveis pela agência. O contador Ivaldo Alves de Souza perdeu R$ 10 mil em passagens compradas com a agência, já a empresária Janaína Tozi perdeu R$ 50 mil em pacotes para a Disney e para Cancún, para onde iria com os filhos e o marido.
A mulher recebeu uma notificação extrajudicial 48 horas antes de ir para o México, informando que a empresa estava impossibilitada de oferecer o serviço, após experiências bem-sucedidas com a TC Viagens com passagens para Gramado e Porto de Galinhas.
"Se a gente pagasse ao vivo tinha um desconto absurdo", relata a empresária, que fez uma tentativa de acordo judicial com a empresa, que não cumpriu.
"Ela te atendia com cortesias na hora de vender, ao longo do tempo procrastinava as respostas. A gente começou a desconfiar que tinha alguma coisa errada", afirma Ivaldo ao comentar a relação com Tatiane, porta-voz da agência com os clientes, que já foi condenada por estelionato enquanto trabalhava em outra agência.
Empresa ameaçou clientes que fizeram perfil de denúncia
Apesar de o nome da filha ser o mais frequente nas reclamações, o CNPJ da TC Viagens está sob responsabilidade da mãe dela, Leonisia Silva de Souza.
Em nota enviada ao Fantástico, a empresa afirmou que "em momento algum se ocultou de seus compromissos comerciais, especialmente com os clientes que compraram pacotes para Cancún".
"A senhora Leonisia Silva se solidariza com todos os clientes afetados e não medirá esforços para apresentar-lhes uma solução eficaz", afirma o comunicado, negando a ligação de Tatiane com a administração do negócio. "Ela atua apenas como vendedora de alguns dos pacotes e, assim, não responde pela empresa".
A TV Globo teve acesso a imagens que mostram um outro tom na conversa direta entre clientes e representantes da agência, pelas redes sociais. Um porta-voz da empresa exigiu que algumas vítimas interessadas em receber o reembolso saíssem de uma página no Instagram que reúne pessoas lesadas pelo esquema. Até o momento, o perfil tem pouco mais de 600 seguidores.
"Até onde a gente sabe ela continua vendendo os pacotes de viagens dela", diz Janaína, que, assim como Ivaldo, abriu um Boletim de Ocorrência contra a empresa, que segue respondendo mensagens de potenciais interessados em seus serviços, no WhatsApp, segundo teste feito pelo Fantástico.
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