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Gleisi diz não saber o que Lula falou para 'reação tão grande' do mercado

Do UOL, em São Paulo

11/11/2022 14h41Atualizada em 11/11/2022 15h36

A presidente do PT e deputada federal, Gleisi Hoffmann, disse não entender o que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez para causar uma "reação tão grande" do mercado financeiro ontem. Nesta quinta-feira (10), o dólar comercial fechou em forte alta de 4,14%, cotado a R$ 5,397, enquanto o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3), chegou a registrar queda de mais de 3% ao longo do dia.

Gleisi afirmou ter "recebido com espanto" os valores de fechamento de ontem. "Não sei o que o presidente Lula falou que pudesse trazer uma avaliação tão grande do sentimento de mercado. Hoje, os indicadores de dólar já voltaram à normalidade".

Às 14h35, a moeda norte-americana apresentava queda de 1,07%, cotada a R$ 5,339. O Ibovespa crescia 2,08%, aos 112.064,16 pontos, no mesmo horário.

A presidente nacional do PT reforçou que "o mercado não tem que se preocupar", porque já "conhece quem é Lula, sabe como ele trabalha com as finanças públicas e a responsabilidade que tem". Ela ressaltou que o compromisso social do novo governo fez parte da campanha eleitoral, ou seja, não deveria causar surpresa no mercado.

"Jamais vamos abrir mão de ter a responsabilidade social em primeiro lugar", falou e destacou as promessas do governo Lula de reduzir a fome no Brasil e gerar mais empregos.

Ao que o mercado reagiu ontem? O mau humor do mercado ocorreu após o discurso de Lula no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil) em Brasília, local sede da comissão de transição de governo. O presidente eleito fez críticas à "estabilidade fiscal", ao defender que é preciso colocar a questão social na frente de temas que interessam, segundo ele, apenas ao mercado financeiro.

Após o fechamento da cotação do dólar ontem, Lula ironizou a reação do mercado financeiro devido à fala sobre o teto de gastos feita por ele mais cedo. "O mercado fica nervoso à toa", iniciou Lula, com leve sorriso no rosto. "Eu nunca vi um mercado tão sensível como o nosso. É engraçado que esse mercado não ficou nervoso durante quatro anos [do governo] Bolsonaro", completou o petista a jornalistas, após sair de reunião de transição de governos, em Brasília.

Segundo apuração, a opção de retirar as despesas do Auxílio Brasil do teto de forma permanente desagradou o mercado. Para o setor financeiro, a saída que vem sendo negociada pela equipe de transição, que também teria de ser feita via PEC (Proposta de Emenda à Constituição), pode deteriorar a trajetória de sustentabilidade da dívida pública.