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Americanas vão quebrar? Qual o tamanho da crise e o que esperar

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Imagem: Divulgação

Do UOL, em São Paulo

14/01/2023 04h00

Após a crise do rombo de R$ 20 bilhões no balanço das Americanas, muita gente pergunta se a empresa vai fechar. Na sexta-feira, houve uma decisão da Justiça que menciona uma potencial dívida de R$ 40 bilhões e aponta para um pedido de recuperação judicial.

O que aconteceu

  • Na quarta-feira (11), a empresa anunciou "inconsistências" de R$ 20 bilhões no balanço.
  • Na sexta-feira (13), o juiz Paulo Assed Estefan, da 4ª vara empresarial do Rio, concedeu uma medida de tutela de urgência cautelar, dando 30 dias para que a empresa possa decidir se vai pedir recuperação judicial.
  • Na decisão, o juiz informa que as Americanas alegaram o risco de seus credores pedirem o vencimento antecipado de R$ 40 bilhões em dívidas.
  • Para evitar a quebra da empresa, o juiz suspendeu essa possibilidade por 30 dias.

O que vai acontecer agora

  • É possível que as Americanas peçam recuperação judicial. Nessa situação, a empresa é autorizada pela Justiça a suspender o pagamento de dívidas.
  • Mas para isso ela tem de apresentar um programa de recuperação financeira. Se o programa não for cumprido, sua falência pode ser decretada.
  • A empresa tem se reunido com credores para negociar alguma saída.
  • Os acionistas de referência das Americanas -os bilionários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Sicupira, sócios do 3G Capital- estariam dispostos a atuar na capitalização da empresa. Mas, a princípio, não fariam isso sozinhos.
  • Uma alternativa é que a empresa recorra a um follow-on, ou seja, uma nova oferta de ações. Em outras palavras, parte da empresa seria vendida para arrecadar capital.
  • Mas, para dar certo, o mercado precisa estar disposto a comprar essas ações em um cenário nada favorável para a empresa.
  • O modelo também pode não agradar aos atuais acionistas, que já tomaram um tombo com a queda de quase 80% da ação na quinta-feira (12).
  • No follow-on, os atuais investidores ou são diluídos (sua participação fica menor) ou precisam entrar com dinheiro para manter sua posição.
  • Se a captação de recursos não ocorrer conforme o esperado, o cenário fica mais nebuloso.
  • Dentre as possibilidades, estão a consolidação, ou seja, a venda ou fusão com outra empresa, a renegociação com os credores e a recuperação judicial.
  • Dada a dificuldade de captar dinheiro via outras fontes, a companhia pode estar tentando obter recursos dos acionistas-chave.

Não vai ser fácil a companhia convencer o mercado a dar mais dinheiro pra ela.
Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos

Como fica a empresa

  • Seja qual for a solução, a empresa vai apertar o cinto e buscar ficar mais enxuta para economizar. O investimento tende a diminuir, assim como o capital de giro.
  • Com isso, as Americanas podem ter uma redução em seu estoque e no número de fornecedores.
  • Ainda nessa frente, as possibilidades incluem fechamento de lojas menos eficientes e venda de bens.
  • Já há apreensão no varejo com essa possibilidade. As Americanas são importante ponto de fluxo de consumidores para shoppings fora dos grandes centros.
  • O modelo de negócio da companhia também pode passar por uma revisão. As Americanas já não viviam um bom momento.
  • A dívida da companhia pré-rombo já era alta e suas margens apertadas. A chegada de Rial era vista como uma possibilidade de virada para a empresa, tarefa que fica bem mais difícil agora.
  • A cereja do bolo é que o cenário macroeconômico joga contra a empresa neste momento delicado. Com os juros no patamar de 13,75%, todas as varejistas sofrem com redução da demanda, e isso não é diferente para as Americanas.
Eles atendem cidades menores de maneira muito ampla por conta do mix de produtos. O setor de shoppings está apreensivo, aguardando maiores informações.
Luiz Alberto Marinho, sócio-diretor da Gouvea Malls