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Campos Neto pede que investidores tenham 'boa vontade' com governo Lula

Do UOL, em São Paulo

14/02/2023 10h35Atualizada em 14/02/2023 13h22

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que "45 dias é pouco tempo" para avaliar o governo. A afirmação foi feita nesta terça-feira (14) no evento CEO Conference, do BTG Pactual, em São Paulo.

O investidor é muito apressado, afoito. Acho que a gente tem que ter mais boa vontade com o governo, 45 dias é pouco tempo. O ministro Haddad tem tido uma boa vontade enorme.
Roberto Campos Neto

Acho que o governo está na direção certa, tem tido um debate bom. Falar de juros e ter a crítica é natural. Quanto mais fortes as instituições, mais esse debate pode ser intenso sem afetar preço de mercado e expectativa.
Roberto Campos Neto

Campos Neto acena ao governo Lula em 2 dias seguidos

Essa é mais uma sinalização de Campos Neto em direção ao presidente Lula (PT) após discussões sobre a redução da taxa de juros. Na segunda à noite (13), em entrevista ao programa Roda Viva, Campos Neto deu mostras de que quer se compor com o atual governo, segundo o colunista do UOL José Paulo Kupfer.

"Campos Neto não escondeu a intenção que o levou a aceitar ser publicamente sabatinado por jornalistas, no Roda Viva, da TV Cultura: deixar para trás seu recente passado bolsonarista e compor-se com o governo do presidente Lula", diz Kupfer.

Juros causaram tensão entre BC e governo

A taxa básica de juros está em 13,75%, o maior patamar desde janeiro de 2017. Quando a inflação está alta, o Banco Central sobe os juros para reduzir o consumo e forçar os preços 'a cair.

Na semana passada, Lula declarou que a taxa básica de juros é uma "vergonha" e que o BC deve explicação para a sociedade.

Em outro momento, o presidente do BC defendeu o atual sistema de metas para a inflação. Segundo ele, o mecanismo funciona bem. "Não é hora de fazer experimentos, mas de melhorar a credibilidade".

Deixar passado bolsonarista

Para a colunista do UOL Mariana Londres, Campos Neto tentou afastar a imagem de ser um "infiltrado" de Jair Bolsonaro (PL) e quis reforçar vínculos com o presidente Lula (PT). Ela participou hoje do UOL News.

  • O Banco Central é quem define a política monetária do país;
  • Campos Neto foi indicado ao cargo de presidente do BC em 2019, pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), antecessor de Lula;
  • Ele é o primeiro no cargo após a lei que instituiu a autonomia política na autarquia federal, decretada em fevereiro de 2019;
  • O mecanismo determina mandato de quatro anos ao presidente do BC, sob argumento de blindá-lo de eventuais interferências políticas em medidas como os juros básicos; o de Campos vai até o final de 2024;
  • O atual patamar da Selic é considerado elevado por Lula.