Com Topshop de volta, Dafiti diz apostar em qualidade para bater Shein
Sete anos depois de fechar sua última loja no Brasil, a marca britânica Topshop voltou —agora pela Dafiti, que diz apostar em "qualidade" para vencer a Shein. Em março, a Dafiti também havia anunciado o retorno da espanhola Mango, concorrente da Zara.
O que quer a Dafiti
Trazer peças "pensadas" para o público brasileiro. Presente na Europa e nos Estados Unidos, que têm clima diferente do Brasil, a Topshop vai apostar em vestidos, blusas e calças por aqui. Também deve trazer peças da Topman para o público masculino. Todas as roupas são produzidas no Reino Unido.
Contemplar as "principais tendências" da próxima estação. Segundo Patrícia Schneid, gerente de estilo da Dafiti, roupas da Topshop vão atender o perfil da consumidora jovem, abrangendo estéticas boho, romântica e punk rock.
Conquistar consumidores pela "variedade" e "qualidade". A concorrência com a Shein não é um problema, embora a chinesa faça um trabalho "competente", disse ao UOL Fabio Fadel, diretor comercial da Dafiti. "Não queremos ter no nosso portfólio um produto que seja extremamente perecível".
Objetivo é alcançar público mais abrangente. A Shein é focada nos clientes mais jovens, que buscam "renovação muito rápida de tendências", segundo Fadel. A Dafiti, em contrapartida, tem um público-alvo "mais aberto", acrescentou.
Dafiti ressuscitou outra marca no Brasil. A volta da Topshop não é um movimento isolado, afirma Fadel. No início do mês passado, a Dafiti também anunciou o retorno da Mango, concorrente da Zara. A marca espanhola havia passado dez anos fora do Brasil.
Todo concorrente é uma preocupação para a Dafiti, mas não no sentido de desespero. Acho que a Shein é muito focada num produto mais fast do que o fast fashion. Tem um canal de vendas muito bacana, é um trabalho competente. Mas, quanto mais fast é a fast fashion, menos qualidade tem. A ideia da Dafiti não é essa.
Fabio Fadel, diretor comercial da Dafiti
Mercado premium e Mango
Estratégia é focada no online, mesmo com marcas premium. A Dafiti diz não ter planos de abrir lojas físicas, embora reconheça o desafio de bater a concorrência —especialmente no segmento premium— somente no virtual. "Com a pandemia, pessoas se habituaram a comprar online", afirmou Fadel ao UOL.
Presença e consolidação da Zara não é problema. Para o diretor comercial da Dafiti, o mercado premium "está longe de estar saturado", e o fato de o Brasil já ter uma marca espanhola estabelecida ajuda a Mango. Todas as peças são importadas da Espanha.
Ideia é ser ferramenta de diferenciação. Tanto com Topshop e Mango, disponíveis no Brasil apenas na Dafiti, objetivo é ter a "melhor curadoria" do mercado da moda e trazer "mais exclusividade", segundo Fadel.
Volta de marcas já conhecidas ajuda a gerar tráfego para as demais. Topshop e Mango devem incentivar consumidores a navegar mais pelo site e conhecer outras marcas, na avaliação do diretor comercial da Dafiti. "Isso valoriza tudo que a Dafiti tem dentro do portfólio".
Quanto mais marcas parecidas no mesmo segmento competitivo, para nós, é melhor. Não vejo qualquer ponto negativo nessa história. Seria se o mercado fosse muito concentrado, mas vejo isso como um estilo à moda, à categoria, ao estilo de vida que a Mango traz de volta para o Brasil.
Fabio Fadel, diretor comercial da Dafiti
Shein comenta declarações
Questionada pelo UOL sobre as falas do diretor comercial da Dafiti, a Shein disse produzir peças "de qualidade" e "acessíveis", destacando que seu modelo de produção em pequena escala foi pensado para atender à demanda dos consumidores.
Além disso, [a Shein] não mede esforços para empoderar comunidades locais, tanto econômica como socialmente, (...) bem como alavancar a plataforma de vendas, insights e marketing para apoiar o crescimento e sucesso dos seus negócios no país.
Shein, em nota
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