'Dói no coração' ser citado fora de contexto, diz diretor da Shopee
A Shopee diz que ser citada fora de contexto "dói no coração". A empresa é constantemente acusada pelo setor tradicional de varejo de vender produtos falsificados e de praticar uma concorrência desleal. O diretor de marketing da Shopee, Felipe Piringer, afirma em entrevista ao UOL que a empresa cumpre a lei brasileira e que seu propósito é fortalecer o e-commerce no país.
Shopee diz que leva pirataria a sério
O diretor da Shopee diz que a empresa é "citada fora de contexto" ao ser chamada de camelódromo digital e acusada de praticar concorrência desleal. O executivo diz que a Shopee luta para contar seu lado da história e que o foco é investir no Brasil e ajudar o desenvolvimento do e-commerce no país.
A Shopee diz que 85% das vendas no Brasil são feitas por vendedores nacionais. O restante, ou seja, 15% são de produtos comprados diretamente no exterior.
A pirataria é um assunto levado a sério pela empresa, segundo Piringer. "Os vendedores [precisam] seguir as regras, eles têm o benefício da dúvida. Temos que garantir que se formos bloquear alguém, às vezes é o ganha pão da pessoa, então precisamos garantir que está comprovado [a falsificação], saber por que estamos bloqueando e justificar", afirma Piringer.
A companhia diz ter canais de denúncia para que consumidores e marcas possam apontar produtos falsificados. Hoje a Shopee não tem produtos próprios, é um marketplace com vendedores nacionais e internacionais.
O diretor diz que leva menos de um dia para tirar do ar anúncios de produtos que são falsificados. Questionada pelo UOL, porém, a Shopee não divulgou números sobre anúncios tirados da plataforma por pirataria.
Dói no meu coração a gente ser citado fora de contexto. Tem sido uma batalha nossa dar esse contexto e contar nosso lado da história. Entendemos que estamos há pouco tempo no Brasil, temos uma história a construir ainda. O mais importante para nós é entender que somos uma multinacional, mas que nosso propósito é brasileiro.
Felipe Piringer, diretor da Shopee
Taxação de compras internacionais
Segundo a Shopee, não dá para prever qual seria o impacto ao bolso do consumidor com uma mudança na taxação de compras internacionais. Em abril, Fernando Haddad havia anunciado o fim da isenção de impostos para as encomendas de até US$ 50 entre pessoas físicas. Haddad voltou atrás e manteve a isenção. O governo diz que a regra atual é usada de forma irregular.
Executivo afirma que a Shopee é uma solução para que o consumidor consiga se conectar com vendedores de diversos locais. Piringer reforça que a empresa segue a lei e que vai seguir qualquer nova regra que seja criada sobre taxação de produtos importados.
Segundo Haddad, o plano de conformidade do e-commerce deve ser divulgado nos "próximos dias". Alguns marketplaces estrangeiros se comprometeram em abril com um plano de conformidade junto ao governo e a Receita Federal.
Números da Shopee
A empresa tem mais de 3 milhões de vendedores brasileiros. A operação da Shopee no Brasil foi lançada em julho de 2020.
A Shopee tem oito centros de distribuição no Brasil. Os dois últimos foram inaugurados em maio em Recife e Salvador. Os centros recebem os produtos vendidos por anunciantes brasileiros e redirecionam os pacotes aos parceiros que vão realizar a entrega ao consumidor final.
São dois escritórios físicos na Faria Lima, em São Paulo. A Shopee tem 3.000 funcionários no país.
Hoje a empresa não tem lucro no Brasil. A Shopee aposta na concessão de cupons de desconto e políticas de frete grátis, por exemplo, para ganhar mais compradores no Brasil.
Varejo brasileiro cobra combate à pirataria
O varejo critica a atuação de empresas como a Shopee. O IDV (Instituto para Desenvolvimento do Varejo) diz que não percebe mudanças significativas no combate à pirataria por empresas que vendem produtos internacionais. O IDV é um grupo formado por gigantes do varejo, como Magalu, Americanas, Renner e Riachuelo.
O varejo diz que a concorrência é desleal. No ano passado, o UOL encontrou camisas da seleção brasileira sendo vendidas a partir de R$ 39,99. As peças eram idênticas às camisas vendidas no site da Nike, que custavam R$ 349,99 na época. Na reportagem, o diretor-executivo da Ápice (Associação pela Indústria e Comércio Esportivo), Renato Jardim, disse que camisas com preços tão baixos, provavelmente, eram fruto de pirataria.
Jorge Gonçalves Filho, presidente do IDV, critica a atuação de empresas que vendem produtos de outros países. "Até o momento não detectamos mudanças significativas no comportamento de venda das plataformas que praticam o cross border [comércio entre fronteiras], apesar de informar que estão combatendo a pirataria, o subfaturamento, etc", afirma Gonçalves Filho.
A partir do dia 1º de julho, empresas que fazem remessas internacionais precisam seguir novas regras. As mudanças vão garantir que a Receita tenha mais informações a respeito das encomendas internacionais. Com as regras, Gonçalves Filho diz que será possível ver se as empresas estão combatendo a ilegalidade para garantir uma concorrência mais justa. A empresa de transporte fica obrigada a prestar informações sobre operações de importação, como descrição completa do conteúdo do pacote, valor e dados do remetente.
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