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Nova tabela do IR: entenda como é calculado o desconto no salário

Quem recebe até R$ 2.640 não tem cobrança de Imposto de Renda - Luis Lima Jr./Fotoarena/Estadão Conteúdo
Quem recebe até R$ 2.640 não tem cobrança de Imposto de Renda Imagem: Luis Lima Jr./Fotoarena/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

15/06/2023 04h00

A nova tabela do Imposto de Renda trouxe mudanças aos trabalhadores. Desde maio, quem recebe até R$ 2.640 tem isenção e não tem imposto descontado no salário. Quem recebe acima de dois salários mínimos também é beneficiado, pois passou a ter uma retenção menor de imposto na folha de pagamento.

Como o desconto é calculado

O Imposto de Renda é descontado diretamente do salário do trabalhador.

A faixa de isenção subiu de R$ 1.903,98 para R$ 2.112. O valor das outras faixas foi mantido, mas quem ganha acima dos R$ 2.112 só paga Imposto de Renda sobre o valor excedente.

Foi criada uma dedução automática de R$ 528. Isso significa que a pessoa que ganha até R$ 2.640 (R$ 2.112 mais os R$ 528) não pagará nada de Imposto de Renda — nem na fonte, nem na declaração de ajuste anual.

Veja como era a tabela antiga:

Entenda como funciona o desconto simplificado

O novo desconto simplificado de R$ 528 é opcional. A Receita diz que quem tem direito a descontos maiores pela lei, como previdência e dependentes, não será prejudicado. O desconto de INSS varia de acordo com o salário e o por dependentes é de R$ 189,59.

Para quem ganha R$ 10 mil, por exemplo, não valerá a pena o desconto de R$ 528, de acordo com a Receita. Isto porque as deduções atuais são maiores do que este valor.

Quem decide se vale a pena usar o desconto ou as deduções legais é a empresa pagadora. Para quem recebe dois salários mínimos (R$ 2.640), o desconto sempre será usado. Quem ganha mais vai depender das outras deduções possíveis, de acordo com Valdir Amorim, coordenador técnico jurídico e tributário da consultoria IOB.

Quem ganha até R$ 2.640 vai deixar de pagar Imposto de Renda. O desconto de R$ 528 é opcional, porque há pessoas que têm descontos maiores, como previdência, dependentes e pensão alimentícia.
Thiago Godoy, educador financeiro da Rico Investimentos

As empresas vão pegar o salário, deduzir os R$ 528 e olhar a faixa da tabela [onde o valor se encaixa]. Depois vão fazer a mesma coisa descontando as deduções legais e comparar. A empresa vai usar a opção mais benéfica ao consumidor.
Valdir Amorim, da IOB

Impactos da nova tabela

Mais de 13 milhões de brasileiros vão deixar de pagar IR, segundo o governo.

A nova tabela também beneficia trabalhadores que recebem acima de dois salários mínimos, que passarão a pagar mensalmente menos imposto. Um trabalhador que tem rendimento com base de cálculo de R$ 3.000, por exemplo, pagava R$ 62,60 de IR na fonte antes da mudança. Com a nova regra, vai pagar R$ 27 — R$ 35,45 a menos.

Nas faixas mais altas, diferença será menor, mas economia será de pelo menos R$ 15,53. O desconto para quem recebe R$ 10.000, por exemplo, passará de R$ 1.639,40 para 1.623,87. Praticamente todas as pessoas que ganham salários mais altos vão economizar pelo menos R$ 15,53.

Os cálculos foram feitos por Cleiton Felipe, diretor da área de impostos da BDO. A simulação considera o desconto de INSS na folha de pagamento, sem incluir descontos por dependentes, e considera a situação mais vantajosa ao trabalhador (assim como será feito no RH das empresas). Foi considerado também o desconto de R$ 528 criado pelo governo nos casos em que ele é mais vantajoso. Veja abaixo as simulações:

Tabela não era atualizada desde 2015

Esta é a primeira atualização da tabela do IR desde 2015. A isenção era dada para quem recebia até R$ 1.903,98.

A falta de atualização da tabela do Imposto de Renda faz com que a cada ano mais pessoas paguem IR. O desconto é feito diretamente no holerite do trabalhador.

Lula se comprometeu a elevar a faixa de isenção para até R$ 5.000. A correção da tabela do Imposto de Renda é uma de suas principais promessas de campanha, mas ainda não tem data. Segundo Haddad, é preciso avançar nas reformas e nas medidas de controle das contas públicas para aumentar o limite de isenção.

O governo deve deixar de receber R$ 3,2 bilhões em 2023 (de maio a dezembro) e R$ 5,88 bilhões em 2024. Os cálculos são do Ministério da Fazenda.

A mudança em nada mudou nas regras para o envio da declaração do Imposto de Renda em 2023, que refere-se aos rendimentos recebidos no ano passado. A nova tabela só vai ser considerada no cálculo do imposto devido na declaração de ajuste anual do ano que vem.